Aprendendo a Valorizar o que Temos
12 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: deleite dos paulistanos, Museu da Casa Brasileira, quinteto Vento em Madeira, valorizando o que temos
Nestes tempos em que muitos não encontram na mídia motivos para despertar maiores entusiasmos, parece interessante destacar que a maioria da população continua usufruindo no seu cotidiano de fatos que lhe proporciona satisfação. Nunca se constatou que o pessimismo contribui para a melhoria do quadro geral e a capacidade de manter-se otimista, olhando os fatos deste ângulo positivo, pode contribuir para uma vida mais feliz para muitos. Neste fim de semana, por exemplo, muitos paulistanos tiveram a oportunidade de deleitar-se com um inusitado espetáculo no Museu da Casa Brasileira que aproveita uma antiga mansão da família Fábio Prato numa parte privilegiada da Capital paulista. O local conta com um grande jardim com muitas árvores e um esplêndido gramado onde as crianças aproveitavam o sol acalentador com inocentes brincadeiras acompanhadas de seus pais, espaço que pode ser aproveitada pela população gratuitamente.
Lá se apresentou o excepcional quinteto chamado Vento em Madeira, comandado pela fabulosa flautista e compositora Léa Freire, e que conta com Teco Cardoso (flautas, sax e também compositor), com Tiago Costa (piano), Edu Ribeiro (bateria), Fernando Demarco (baixo), contando com a participação especial da renomada cantora Mônica Salmaso, num fabuloso espetáculo com entrada franca. Léa Freire explicou que a música brasileira que fazem há décadas está no limite do popular com o erudito, com fortes influências do jazz, com seus improvisos. Com que alegria que todos tocam contagiando um público que vai das crianças, jovens e até idosos cadeirantes, sendo da essência brasileira. Tudo num ambiente descontraído, familiar, com crianças correndo, pessoas passeando pelos jardins, mas com sons e equipamentos profissionais da melhor qualidade, afinadíssimos.
Quinteto Vento em Madeira, com Mônica Salmaso
A qualidade da música é internacional do mais elevado nível. Os motivos são bem brasileiros, como lembrou Léa Freire, como o trenzinho que vai pelo interior de Minas Gerais. Do programa, constaram peças de excepcional beleza, alguns de composição dos próprios componentes do quarteto, como uma dedicada por Tiago Costa, chamada “Viva Júlia”, para uma pequena criança que estava entre o público. Acaba-se ficando com a impressão que se está numa família.
A maioria das composições era de Léa Freire, muitas que estão num novo CD lançado recentemente pelo Quinteto. Mas também de Tiago Costa e de Teco Cardoso. A participação da cantora Mônica Salmaso, ainda que artista consagrada, na sua maioria era com sons que acompanhavam os dos demais instrumentos, não como os solos que a destacam dos conjuntos musicais.
No atual cenário musical brasileiro, ainda que existam conjuntos musicais instrumentais de elevada qualidade, ainda são os cantores os que recebem maiores destaques, ainda que todos dependam dos compositores que lhes fornecem as matérias-primas básicas.
O deleite que muitos paulistanos usufruíram foi rico alimento para as suas almas, um refrigério no cotidiano em que muitos são esmagados pelas pressões de suas lutas. Foi a confirmação que a alegria humana pode ser obtida pelas coisas simples, mas que sempre dependem da arte de que alguns são dotados, refletindo a essência da brasilidade.