Reflexões Sobre as Perspectivas Humanas Coletivas
19 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: aperfeiçoamentos, bases objetivas, exageros nas flutuações, generalização do pessimismo
Os novos mecanismos de comunicação social no atual mundo globalizado parecem estar exagerando as perspectivas pessimistas entre muitos segmentos da população, mesmo quando os dados disponíveis no universo real não apresentem um quadro tão catastrófico como os difundidos pelos setores financeiros que exageraram nas suas influências. A população mundial continua crescendo, muitos dos seus novos segmentos estão se alimentando melhor, generalizam-se as vestimentas humanas adequadas, as habitações humanas melhoram em quantidade e qualidade, o acesso à cultura e ao lazer se amplia moderadamente. As necessidades básicas dos seres humanos continuam sendo atendidas sem graves desequilíbrios, ainda que estejamos insatisfeitos com o seu ritmo.
Mesmo que se aspirem melhorias mais rápidas na educação, na saúde, na assistência social, não parecem existir dados objetivos que indiquem que os mesmos estejam piorando. Pelo contrário, as pressões populares estão exigindo dos governantes o atendimento de suas aspirações com maior urgência. Divulgam-se as corrupções humanas que sempre existiram e nem sempre foram explicitadas, e, mesmo sem o aparecimento de estadistas de destaque mundial, divulgam-se as insatisfações que mostram que as imposições autoritárias ficam cada vez mais difíceis de serem perpetuadas.
De Wall Street ao Mundo Árabe: protestos ocorrem no mundo inteiro
Tornaram-se frequentes as notícias sobre novas descobertas científicas ou tecnológicas que estão facilitando a vida humana. Os fatos que provocam as deteriorações do meio ambiente estão sendo denunciados, ainda que as medidas preventivas efetivas estejam demorando mais que o desejável.
As insatisfações que estão sendo explicitadas acabam forçando medidas para o atendimento das aspirações populares, sem o que os que estão temporariamente no poder não encontram respaldos para a continuidade de sua posição. As divulgações das dificuldades se tornaram mais rápidas e generalizadas, mesmo com medidas dos controles de alguns dos seus mecanismos que estão se tornando cada vez mais difíceis.
Parece conveniente que não se confunda as suas divulgações com os aumentos das dificuldades. O que antes se mantia limitado em conhecimento parece estar chegando mais rapidamente para muitos, acabando por exigir medidas para as suas soluções, ainda que não exista o milagre de que elas sejam imediatas. Muitas dependem da Justiça e são decorrentes da falta de ações por longos períodos, e só poderão ser resolvidos com providências que exigem tempo e recursos, mas que necessitam ser iniciadas.
Há que se estabelecer prioridades, e algumas emergências exigem o sacrifício de outros objetivos igualmente perseguidos. Meios mais eficazes também podem ser descobertos ou copiados, pois muitos já estão sendo utilizados em outras regiões ou países.
Existem limitações no mundo real e ainda que sonhos dos poetas ajudem a conscientizar a todos dos que seriam desejáveis existem restrições que demandam tempo para serem atendidas, mesmo que isto não seja uma desculpa aceitável. Sempre é possível haver divergências sobre os meios mais eficazes de atendê-las, inclusive porque nem sempre existe um consenso sobre o que é prioritário.
Os simples desencantos sobre as deficiências dos sistemas políticos pouco ajudam nos seus aperfeiçoamentos. Vivemos nas sociedades dos seres humanos, que não são perfeitos. Se não contribuirmos para os seus avanços podemos estar sendo complacentes na perpetuação de suas imperfeições. Parece que só fazemos jus aos nossos reclamos se estivermos ajudando nas suas correções, ainda que no regime democrático tudo isto exija um pouco de paciência.
Se acharmos injustos alguns privilégios é preciso que se manifestemos sobre as inconformidades. O processo de melhoria do bem-estar da população nem sempre ocorre de forma igual para todos, havendo uma tendência de agravamento da distribuição dos seus benefícios em alguns períodos. Poucos possuem um espírito de filantropo abrindo mão do que possuem. A sociedade é que precisa exigir o máximo de igualdade nas condições de competição, por muitos mecanismos que existem, como os tributários. Muitos desejam redistribuir o que é dos outros, mas poucos contribuem com o que consideram seus.
Parece que hoje todos aceitam que existe um mínimo de condições que devem ser atribuídos para os seres humanos, desde a sua concepção, pois é na gravidez e na primeira infância que todos adquirem o cabedal que necessitam para a compreensão do mundo, de forma que todos partam para a concorrência de um ponto razoavelmente igual. As aspirações igualitárias são conquistas consolidadas, mas nem sempre as condições necessárias e suficientes para tanto estão sendo proporcionadas.
Ainda que sempre existam imperfeições, parece que o simples pessimismo pouco contribui para a melhoria da situação presente. Um realismo mais objetivo possível pode ajudar na criação de um mínimo de confiança, que parece hoje um fator de grande escassez. Ainda que todas estas considerações pareçam um tanto românticas. Mas será que não precisamos um pouco disto?