Concorrências do Trem Bala e Aeroportos Privados
5 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: estudos indispensáveis, notícias sobre a concorrência para o trem bala, os aeroportos privatizados
A imprensa brasileira continua noticiando sobre as concorrências de suplementação dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, bem como as relacionadas ao trem bala que deverá ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A Folha de S.Paulo, por exemplo, publica artigos de Dimmi Amora e Agnaldo Brito sobre estes dois assuntos. Os aeroportos visam atender os aumentos dos volumes de passageiros, notadamente com vistas à Copa do Mundo e as Olimpíadas. No caso do trem bala, parece que as autoridades já estão conformadas com cronogramas mais longos.
Observa-se que as autoridades estão sendo pressionadas pelas necessidades, sem que estudos mais completos sejam feitos para que estas decisões possam ser mais eficientes e menos custosas. Todos sabem, pelas experiências internacionais, que estes projetos apresentam, muitas vezes, insuficiências de retornos econômicos e outros problemas que necessitam ser previamente equacionados.
Traçado do trem bala no Brasil e aeroporto de Guarulhos
Este site tem insistido que estes projetos costumam ser deficitários principalmente os de trens rápidos, sabendo-se que somente o trecho entre Tóquio e Osaka, e entre Paris e Lion apresentam retornos, sendo todos os demais são deficitários. Assim sendo, é preciso estudar alternativas ao suprimento do orçamento público, pois são recursos exigidos por longos prazos.
Temos insistido que nos projetos ferroviários são os ganhos de capital proporcionados pelo melhor aproveitamento dos imóveis que ajudam a cobrir parte substancial destes custos. Os projetos costumam ser justificados pelos impactos que promovem na região para o seu desenvolvimento, havendo necessidade deles não serem somente apropriados particularmente, mas que propiciem algumas tributações diretas.
No caso brasileiro, as informações continuam insistindo na divisão da concorrência pelas obras civis, tecnologia do material rodante e operações. Observando-se ao longo das ferrovias existentes, mas mal aproveitadas, nota-se que existem muitos imóveis bem localizados que não estão cogitados para um aproveitamento mais eficiente dentro do novo projeto. Eles poderiam ser fontes importantes de recursos para cobrir os déficits que se visualizam como de longo prazo.
Estudos mais completos e sistêmicos necessitam ser promovidos, pois os investimentos previstos são elevadíssimos, e as incertezas envolvidas para o setor privado acabam elevando seus custos. As experiências do passado indicam que os gastos nestes estudos acabam sendo justificados por programas mais racionais e eficientes.
Continua-se com a impressão que improvisações são grandes e poucos estudos estão sendo feitos sobre as experiências já acumuladas em todo o mundo com estes tipos de projetos. No caso dos aeroportos, informa-se que alguns potenciais concorrentes com experiências internacionais já desistiram, por causa do prazo em que eles necessitam ser aprovados.
Espera-se que não ocorram participações de empresas de segunda classe como ocorreram com muitos processos de privatização de serviços públicos, pelos quais a população continua pagando mais por serviços precários, como na distribuição da energia elétrica ou serviços relacionados com as telecomunicações.