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Heitor Villas-Lobos Homenageou São Paulo

19 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: concerto na Osesp, Quarto Centenário de São Paulo, Villa-Lobos compôs a Sinfonia número 10

1954 foi o ano do Quarto Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo, comemorado com alguns eventos significativos, como a criação do Parque do Ibirapuera que continua sendo um dos marcos mais importantes da capital paulista. Heitor Villa-Lobos, o mais renomado compositor clássico brasileiro, compôs sua Sinfonia nº 10 Ameríndia para homenagear a data. Isto, segundo o consagrado maestro Isaac Karabtchevsky, que conduziu a Osesp – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo na execução recente da obra na sala São Paulo. Segundo sua explicação, antes da regência, a peça foge dos padrões tradicionais das sinfonias como muitos trabalhos de Villa-Lobos, que abordou muito dos temas populares e brasileiros.

É preciso recordar que São Paulo nasceu numa aldeia indígena onde atuava o padre José de Anchieta, nos campos de Piratininga, com seus rios piscosos e faunas abundantes, parte da Mata Atlântica. Os índios procuravam, naturalmente, onde seus alimentos eram abundantes. A sinfonia conta com uma participação de um coral que em alguns trechos canta em tupi-guarani e em outros em latim, e sons correspondentes aos cantos dos pássaros das matas de então aparecem algumas vezes. A contribuição indígena foi importante para a cidade, e muitos dos seus lugares mais conhecidos continuam com nomes que eles utilizavam, como Anhangabaú, Ibirapuera, Butantã, Pacaembu, e muitos outros. Chegaram os portugueses e com eles São Paulo tornou-se conhecido como a terra dos bandeirantes.

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Parque do Ibirapuera, Vale do Anhamgabaú e Pátio do Colégio, em São Paulo

Muito depois, chegou o café e com o seu cultivo os escravos trazidos da África. Com a abolição tardia da escravatura, vieram os imigrantes de todas as origens, começando com os italianos. Entre os mais recentes, os japoneses cuja comunidade ficou dividida depois da Segunda Guerra Mundial até com atos de terrorismo. Sua unificação acabou ocorrendo com a participação nos preparativos das comemorações do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. A introdução da energia elétrica permitiu que a metrópole se tornasse o maior centro industrial da América Latina, com a ajuda do mercado criado pelos imigrantes que se miscigenaram com os locais, seguindo o que era facilitada pela tradição portuguesa.

Hoje, apesar de todos os problemas de uma grande metrópole, São Paulo assiste a volta dos pássaros como o sabiá, dos bandos de maritacas e até de gaviões na procura de suas caças, principalmente nos bairros mais arborizados que são poucos. No pequeno escritório que temos no bairro do Pacaembu, preservam-se árvores como o ipê, outras com frutas como a manga, a jaboticaba, a pitanga e uns poucos outros como o café, e bananas e mamões atraem estas aves que não são mais caçadas. Além de outras exóticas.

Este fenômeno deixa a esperança que os rios de São Paulo voltem a serem piscosos, mais parques sejam criados, e a qualidade de vida dos paulistanos corresponda ao nível de renda de sua população e seu padrão cultural, que conta com orquestras como o da Osesp. Não é preciso ser zen para compreender que a humanidade exige a convivência com a natureza.