Mais Fácil Recomendar do que Fazer
17 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Siva Yam e Paul Nash, surpreendente artigo no prestigioso The Diplomat
Necessitamos sempre refletir sobre o que precisamos executar como lição de casa do que recomendar aos terceiros o que devem fazer. Existe um ditado japonês que, numa tradução livre, poderia ser expresso como: não sou tão burro para ser chamado de professor. Tendo lecionado na Universidade de São Paulo, mas afastando-me para executar alguns projetos governamentais, preciso policiar-me para ter a humildade e abster-me de recomendar que outros façam isto ou aquilo. Precisamos compreender as limitações a que os outros estão sujeitos para executar o que pensamos seja recomendável.
Um artigo foi publicado pelos norte-americanos Siva Yam e Paul Nash, respeitáveis senhores com ricos currículos e treinados no relacionamento com a China. Ele está no consagrado site The Diplomat, com o título “How China’s Economy Must Change”. Siva Yam estudou no prestigioso Duke University e na Hong Kong Polytechnic, é presidente da Câmara de Comércio US-China, além de membro do FED de Chicago, e managing director do seu próprio banco de investimento. E Paul Nash é editor e analista do China Alert da mesma Câmara.
Siva Yam e Paul Nash
Todos nós sabemos que, como qualquer país e sua economia, a China apresenta inúmeros problemas que tentam superar, dentro das limitações a que estão sujeitos. Como tentamos no Brasil, com suas infindáveis limitações, da melhor forma que podemos. Temos a consciência que estamos fazendo pouco e que temos potencialidades para fazer mais.
Os Estados Unidos e seu setor financeiro são apontados como os principais responsáveis pela atual crise mundial que se iniciou em 2008 e continua apresentando dificuldades que se espalham por todo o mundo, tendo se tornando crucial na Europa recentemente. Não parece que seja recomendado como modelo para ser aplicado por outras economias emergentes que lutam para retirar parcelas substanciais de sua população da pobreza absoluta, que também está aumentando entre os norte-americanos.
Se a economia norte-americana está dando os primeiros indícios de recuperação, vem adotando uma política monetária que inunda o mundo com dólares, provocando a lamentável valorização de outras, inclusive do real brasileiro que as autoridades procuram manter em nível razoável para preservar a sua indústria e exportação, além de outras correções na marcha possível.
As informações disponíveis dão conta que as empresas norte-americanas contam com trilhões de dólares em seus balanços, muitos aplicados em títulos do Tesouro daquele país em vez de promoverem investimentos que criem empregos e proporcionem rendas aos seus trabalhadores. O presidente Barack Obama luta para conseguir a sua reeleição, mas sem a melhoria do seu quadro econômico o seu intento pode encontrar dificuldades, como tem acontecido em grande número de países europeus.
Ainda que a análise efetuada pelo artigo em discussão tenha os seus inegáveis méritos, parece pouco conveniente que recomendações desta natureza sejam formuladas para as autoridades de países como a China. O mesmo pode ser encontrado na sua íntegra, em inglês, no: http://the-diplomat.com/2012/05/16/how-china%e2%80%99s-economy-must-change/
Quer nos parecer que, na atual conjuntura da economia mundial, um pouco de humildade e cautela sejam recomendáveis.