O Documento Proposto Para Decisão na Rio + 20
21 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alguns resultados paralelos, críticas generalizadas, desgastes para o Brasil, falta de ousadia, trabalho diplomático e burocrático | 1 Comentário »
Só se ouvem críticas ao documento da Rio + 20, no Brasil e no exterior, e se ele for aprovado como esperado o será somente formalmente. Deveria se ter a coragem de propor o seu cancelamento, pois até o secretário-geral das Nações Unidas lamenta a falta de ousadia do mesmo. E o Brasil está sendo considerado o principal responsável pela sua elaboração dentro da generalidade aceitável para todos os países.
Sem a presença das autoridades mais expressivas dos países considerados mais poluidores do mundo, como os Estados Unidos e a China, ou dos que detêm o poder político e econômico, a Rio + 20 acaba proporcionando uma lamentável imagem do Brasil, ainda que isto se deva em grande parte ao momento econômico mundial.
Com a tentativa de evitar retrocessos nas declarações sobre o meio ambiente, a diplomacia brasileira se destacou como a principal responsável pela falta de ousadia do documento. Ele não tem sequer correspondência com os discursos que estão sendo feitos pelos chefes das delegações presentes.
O documento é somente burocrático e formal, ainda que a Rio + 20 esteja disseminação estudos e avanços pontuais nas reuniões paralelas. Se o Brasil foi considerado um dos pioneiros na reunião há 20 anos no Rio, vai acabar ficando com o débito da falta de avanço ou de um caminho claro do que deve se perseguir.
Sente-se a falta de um estadista que propusesse algo que representasse a galvanização de um sonho coletivo, os desejos gerais de maiores avanços na preservação do meio ambiente. Dilma Rousseff teve a sua oportunidade, mas parece ter ficado constrangida com as reações surdas às tentativas de passos mais ousados contrariando os poderosos. Acabou nas mãos da burocracia diplomática, acomodadora.
O documento, na tentativa de ser abrangente, acomodando as divergências de posições existentes entre os diversos países e entidades participantes, acabou sendo uma longa, simples e maçante listagem, sem nenhum conteúdo substantivo.
Se alguns países sequer homologaram as decisões anteriores do Rio, de Kyoto e outras reuniões internacionais sobre o assunto, são eles que deveriam ser responsabilizados pelas dificuldades, e os custos políticos deveriam ficar com eles pela falta de avanços. Com o documento costurado pela diplomacia brasileira, mesmo diante da falta de consenso, as responsabilidades acabaram ficando com os brasileiros.
Os únicos que serão beneficiados são os diplomatas que ficarão três anos trabalhando na sede da ONU visando elaborar esboços de metas que ainda serão submetidos à aprovação geral. É o império da burocracia, que vai ser custeada por nossos bolsos.
Parece que o caminho mais funcional e operacional são os avanços nas medidas pontuais, sem procurar-se consenso onde elas não existem. Os retumbantes só podem ser os discursos, que podem ser elaborados com a ajuda dos poetas. A criatividade e ginga brasileira não tiveram oportunidade de se fazer presente, o que deixa a todos frustrados. Mas pode-se manter a esperança que milagres também existem e é nas dificuldades que eles aparecem, principalmente quando as insatisfações são um consenso.
Eu fiquei muito orgulhosa com Brasil por ser o país sede e dar uma aula de organização. Mostramos que temos competência, capacidade para ser sede de relevantes eventos. A Copa do Mundo e as Olimpíadas serão sucessos! Nenhum outro país sabe organizar festas como os brasileiros.
O Brasil também exibiu toda a sua tecnologia verde e exibiu uma faceta que os gringos não conheciam. Já somos uma grande potência econômica, tecnológia e cultura. A marca Brasil tem tudo para ser a mais renomada do planeta. BRASIL!