Preocupações Com a Economia Brasileira no Exterior
1 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do The Economist, preocupações internas e externas, Ruchir Sharma do Morgan Stanley no Foreign Affairs | 2 Comentários »
Alguns artigos importantes publicados no exterior, como no The Economist e no Fogeign Affairs, este último do Ruchir Sharma, do Morgan Stanley, somam-se às preocupações dos analistas brasileiros sobre a evolução futura da economia brasileira. Todos apontam que o Brasil beneficiou-se do período em que a economia mundial cresceu, mesmo depois de 2008, quando os preços das commodities agrícolas e minerais se mantiveram altos, sem que reformar profundas fossem efetuadas aumentando a sua eficiência e competitividade internacional. Agora, quando a economia mundial sofre uma forte desaceleração, mesmo com a redução dos juros no Brasil, melhoria do seu câmbio e aumento dos créditos, a sua economia não consegue uma aceleração perseguida pelo governo.
Já postamos neste site que a comunicação das autoridades brasileiras para o público no exterior encontra-se deficiente, mesmo sabendo que a crise atual está afetando a todos. Comparando com outras economias emergentes, avançamos tanto no que se refere à consolidação do processo democrático como na melhoria da distribuição de renda, com a ampliação do mercado interno. A política macroeconômica caminha de forma razoável, antecipando-se ao maior aprofundamento da crise no resto do mundo, mas a gestão relacionada com os projetos de infraestrutura, reforma fiscal e outros aspectos estão abaixo do desejável. O crescimento da economia está abaixo do seu potencial.
Mesmo sabendo que sempre haverá vozes discordantes sobre os aspectos insuficientemente tratados pela política econômica brasileira, parece que é conveniente que estas opiniões acabem sendo consolidadas, pois pode comprometer as necessidades de financiamentos e investimentos estrangeiros no Brasil.
Muitas empresas estrangeiras já se mostram reticentes com relação à evolução futura do país, mesmo que seja natural que no atual cenário internacional os entusiasmos empresariais tendam a se reduzir. Exatamente porque ainda existem potencialidades não exploradas, como aponta o artigo do The Economist, é que parece indispensável que haja melhor articulação por parte das autoridades brasileiras.
Deve-se compreender que todo o sistema bancário mundial está sujeito a contágios e que eventuais prejuízos em alguns países acabam contraindo seus empréstimos mesmo nos mercados considerados mais seguros. Ainda que o Brasil continue oferecendo juros positivos, quando eles já se tornaram nulos ou negativos em outros países, sempre existe a possibilidade de uma forte aversão aos riscos, fazendo com que os fluxos de recursos se destinem às aplicações consideradas mais seguras, como aos títulos do Tesouro norte-americano.
É preciso considerar, também, que se efetuam generalizações com relação à América do Sul, e, na medida em que alguns vizinhos efetuam operações consideradas absurdas em muitos mercados, a imagem do Brasil também acaba sendo afetada.
O fato concreto é que a expectativa da melhoria da economia mundial era elevada, e os Estados Unidos ainda se recuperam lentamente, e muitos países europeus enfrentam problemas cujas soluções devem ser demoradas. O desaquecimento que vem se observando tanto na China como na Índia também está acima do que estava sendo esperado. Tudo isto acaba por recomendar mais cautela para os que estão receosos.
Mas, como afirma um ditado chinês: são nestas turbulências que aparecem as boas oportunidades.
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Obrigado pela menção do site.
Paulo Yokota