Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crescimento das Pesquisas Científicas na China e Japão

17 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: destaque da China, mudança de ritmo no Japão, publicações do Nature, ritmo de crescimento na Ásia | 2 Comentários »

Muitos analistas ainda continuam com a imagem que a China está habilitada somente para a produção de bens que são mão-de-obra intensiva, tirando partido dos seus recursos humanos abundantes e baratos. A altamente credenciada entidade Nature Publishing Group publica um novo Nature China, divulgando um índice que mostra a evolução das pesquisas científicas chinesas. No seu portal web, fornece semanalmente as informações básicas sobre as pesquisas efetuadas pelos cientistas da China continental e de Hong Kong, englobando todas as disciplinas científicas. Seus tópicos incluem biotecnologia, biologia das células e moléculas, química, medicina clínica, biologia desenvolvimental, terra e meio ambiente, ecologia e evolução, genética, materiais, neurociência, física, espaço e astronomia. Tudo pode ser acessado gratuitamente, com um mero registro, no: www.naturechina.com

No editorial que tem o título “Entrando na nova era”, o seu editor Felix Cheung ressalta que a atual crise econômica internacional está limitando os gastos em pesquisas e desenvolvimentos em países que eram superpotências nestes segmentos. A maioria entende que veem a China como o novo destaque nestes aspectos. Ela superou o Reino Unido, a Alemanha e o Japão, e tende a superar os Estados Unidos até 2022 em publicações.

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O que se ressalta é que estas pesquisas na China estão se destacando tanto em quantidade como em qualidade. Os artigos publicados estão altamente influentes nas inovações introduzidas na produção chinesa. O risco apontado no editorial é sobre a efetiva proteção da propriedade intelectual, apesar dos esforços governamentais. O índice publicado permite acompanhar a evolução destes trabalhos chineses.

No artigo publicado por David Swinbanks, diretor gerente regional do Nature Publishing Group, ressalta-se as pesquisas chinesas no contexto da região asiática, incluindo a Austrália. Apesar do Japão ainda estar na frente em 2011, o ritmo de crescimento chinês permite antever a sua superação, no levantamento feito pela Thomson Reuters, especializada no assunto das pesquisas científicas publicadas.

Informa-se que as três instituições chinesas se destacam nos artigos publicados, a Chinese Academy of Sciences, a University of Science and Technology of China e a Peking University. No Nature Publishing Index 2011 China, no www.natureasia.com/publishing-index/china estão os dados relativos a 2009, 2010 e 2011 para permitir a comparação, dividido por instituições e cidades. Com o reconhecimento que existem diversas formas de avaliar a produção científica, esclarecem que se referem às pesquisas primárias publicadas em revistas científicas sobre a vida, física, química e geociência, com limitada cobertura da ciência aplicada, engenharia e medicina clínica. Incluem as revistas como Nature Photonics, Nature Materials, Nature Nanotechnology e Nature Biotechnology.

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Novas revistas estão sendo publicadas, como a Nature Communications, Nature Climate Change, devendo cobrir o que está sendo publicado na China. Tudo isto mostra que subestimar a China, nestes setores de ponta, pode ser um engano.


2 Comentários para “Crescimento das Pesquisas Científicas na China e Japão”

  1. Clóvis Barbosa do Nascimento
    1  escreveu às 13:04 em 17 de julho de 2012:

    Senhor Paulo Yokota:
    Mas me parece natural que a China tenha mais artigos publicados, até em função do tamanho dos seus corpos docente e discente. Desculpe-me, mas continuo a ver este país asiático com muita desconfiança, pois boa parte do seu crescimento tecnológico se deu através de desrespeito de patentes estrangeiras. Nenhum país se agiganta num período tão rápido de tempo. Produtos falsificados, aliás, ainda são bastante comuns na China.
    Não me espantaria se muitos dos trabalhos, textos chineses forem, realmente, cópias, tautologias de artigos ianques, europeus, japoneses etc.
    A China, sem levar em consideração a ética e o desrespeito aos direitos humanos, vem se tornado uma potência. Não vejo motivo algum para ficar bajulando este país.
    Aliás, os chineses adotam estratagemas de caráter duvidoso para lucrarem mais com as suas exportações. Sem falar nos seus pobres trabalhadores que ganham salários de fome, com uma extensa e desumana carga de labor.
    Não concordo, também, com o novo imperialismo que a China quer adotar no continente africano e, quiçá, na América Latina. Só querem saber de nossas riquezas (e a dos africanos, também), como minérios, petróleo etc. Por que eles não ajudam os paupérrimos países africanos? A China tem trilhões de dólares em reservas internacionais e poderia contribuir no combate a fome nos países africanos.
    O país asiático, igualmente, provoca desempregos no nosso país com seus produtos baratíssimos. Veja, por exemplo, a nossa indústria de calçados. Por fim, ressalto que a China é a maior poluidora do mundo.

    Cidadãos brasileiros, vamos parar de puxar saco da China? Ou será que alguns nacionais têm algum interesse ($$$$$$$$$$) para falarem bem dos chineses?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 20:24 em 17 de julho de 2012:

    Caro Clóvis Barbosa do Nascimento,

    Agradeço suas opiniões, mas lamento informar que discordo da maioria deles, e repudio a sua insinuação que estou “puxando saco da China”. Que expressão infeliz, não faz justiça a um debate civilizado.
    Gostaria que V. lesse um pouco do que escreveu Joseph Needham, da Universidade de Cambridge, considerado um dos maiores conhecedores da China, que foi a mais inovadora entre todos os países do mundo ao longo da história da humanidade. E veja que suas pesquisas foram feitas entre 1930 a 1942, reunindo em Cambridge o maior acervo mundial sobre aquele país, com documentos que até a China não dispõe.
    Sou brasileiro e trabalhei em muitas posições como autoridade brasileira, tendo viajado por todo o mundo, inclusive a China para onde exportei muitos produtos brasileiros. Tenho a dupla nacionalidade japonesa (sou nascido antes da Guerra) e sei das rivalidades que existem com a China de onde a maioria dos países asiáticos aprenderam bastante.
    O Japão, a Coreia do Sul e outros asiáticos também copiaram muitos produtos ocidentais depois da Guerra, e hoje lançam produtos originais, como a China faz hoje. Eles são os terceiros a lançar uma estação tripulada no espaço e chegam com seus submergíveis a 7.000 metros de profundidade, mais que os norte-americanos. Na China existem muitos problemas como também em países chamados desenvolvidos. Nós também lutamos (e eu trabalhei do Rio Grande do Sul até a Amazônia, chegando aos lugares mais problemáticos do Nordeste). Tenho orgulho do trabalho que venho fazendo, e se posto artigos neste site é porque estou convencido que conhecemos pouco da Ásia e suas culturas milenares. Vamos aprender com todos no mundo, o que podemos utilizar para o nosso desenvolvimento.

    Paulo Yokota