O Problema das Mudanças das Necessidades de Residências
14 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no The Wall Street Journal, idosos com espaços de sobra nas residências, paralelos em muitos países
Um artigo publicado por Anne Tergesen no The Wall Street Journal sobre as mudanças das necessidades de espaços nas residências parece um problema que não ocorre somente nos Estados Unidos. Também no Brasil como no Japão, os imóveis mais amplos que acomodavam a família toda passam a ser exagerados quando os filhos vão morar em separado pelas mais variadas razões, ou quando ocorrem deles ficarem sós, por exemplo, com o falecimento de um dos cônjuges. Entre os norte-americanos, como muitos destes imóveis são adquiridos com longos financiamentos hipotecários, discute-se a possibilidade de mudança para um menor, mas as dificuldades são variadas, nem sempre proporcionando as vantagens esperadas.
Esta tendência parece ser a de muitos países como o Brasil e o Japão ao longo do tempo, quando não forem universais, mesmo que não estejam hipotecados. Muitos idosos gostariam de contar com reservas financeiras adicionais para as suas aposentadorias, não necessitando mais de amplos imóveis, mas nem sempre as trocas por outros menores proporcionam as vantagens cogitadas. Os preços que podem ser obtidos pelos antigos não são suficientes para cobrir as novas necessidades. E existem muitas pessoas que ficam apegadas aos muitos objetos com os quais conviveram por longo período, acabando por sentir um desconforto emocional em espaços mais limitados, ainda que existam preocupações com a sua segurança morando isolados.
Quando o mundo enfrenta um período longo de baixo crescimento econômico, os idosos procuram reduzir os seus custos de manutenção, mas nem sempre os conseguem. Os recursos que conseguem pelos imóveis amplos e antigos nem sempre são os desejados, e muitos mudaram de características que atendem as atuais famílias, com o transcorrer do tempo. Muitos acumularam ao longo do tempo diversos objetos com os quais possuem um relacionamento emocional, ainda que o pragmatismo exija que se elimine parte do que for considerado menos relevante.
Uma pesquisa efetuada recentemente nos Estados Unidos informa que 60% dos aposentados contam mais coisas do que precisam. O artigo referido cita os mais variados casos, mas também economias que não se realizam com a redução da dimensão dos imóveis que eram utilizados.
No Japão, onde o percentual de idosos é bem elevado na população, algumas pesquisas indicam que os mesmos procuram continuar vivendo na redondeza de onde passaram muitos anos, pois também não podem ser isolados em casas de repouso retirados. Na medida do possível, procura-se preservar parte da rotina a que estavam acostumados. Existem também os que procuram localidades onde os serviços para os idosos são mais abundantes.
No Brasil, além do problema da segurança, os problemas das dificuldades de transporte também estão influenciando. Algumas famílias que moravam em localidades mais distantes estão preferindo voltar para mais próximo das diversas facilidades.
Estão surgindo nos Estados Unidos especialistas que procuram ajudar os idosos nestas adaptações. O que se constata é que cada caso é um caso, e, além do pragmatismo, existem realidades das mudanças dos relacionamentos familiares, mesmo tentando-se evitar os usos de estabelecimentos especializados, De qualquer forma, parecem serem problemas que necessitam ser enfrentados, não se esperando que os problemas surjam, quando soluções mais adequadas ficam mais difíceis.