Artigo Crítico a Política Brasileira no Foreign Affairs
21 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as pesquisas de opinião pública, efeitos eleitorais, problemas da economia brasileira, repetição de críticas oposicionistas
Um artigo publicado no Foreign Affairs reproduz as críticas que os oposicionistas ao atual governo fazem internamente. Informa que Dilma Rousseff está em campanha para a reeleição, aumentando as assistências para acabar com a miséria com a Bolsa Família, estimulando que os alunos sejam mantidos nas escolas. Ela descobriu mais 700 mil famílias que necessitam destas assistências, informando que o governo espera que votem nela na reeleição, num raciocínio bem simples. Cortou as tarifas de energia elétrica, eliminou os tributos sobre a cesta básica e reduziu as taxas de juros para estimular o consumo.
Segundo o artigo, ainda que estas políticas sejam populares, a economia brasileira continua pouco competitiva, fazendo com que o seu crescimento esteja abaixo de outros vizinhos latino-americanos ou concorrentes emergentes. A exportação de minérios vem aumentando, mas também a importação de produtos siderúrgicos, inclusive da China. Entendem que os trabalhadores estão sendo beneficiados, mas os sindicatos ligados ao PT entram em greve. O setor de petróleo captou volumosos recursos, mas as ações da Petrobras estão em forte baixa, diante da incapacidade de produção do petróleo do pré-sal, na região offshore.
O artigo informa que o governo parece estar acordando para o problema do baixo crescimento, promovendo um road show por Nova Iorque, Londres e Tóquio, visando atrair investidores estrangeiros para um ambicioso portifólio de projetos de infraestrutura que exigem US$ 235 bilhões de investimentos. Promove com os chineses a melhoria das vias navegáveis que reduziria o custo da exportação de produtos agrícolas, inclusive para a China. O artigo afirma que estes investimentos são esperados para estimular a campanha eleitoral do PT.
Apontam como principal oposicionista Aécio Neves, atual senador de Minas Gerais, e ex-governador do Estado, que recebe o suporte do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também apontam que o governador de Pernambuco Eduardo Campos, do PSB, partido que faz parte da base governista. E Marina Silva que teve na última eleição uma votação de 20 milhões de eleitores.
O artigo afirma que nos próximos 18 meses haverá uma verdadeira batalha eleitoral que dominará a vida pública brasileira. Afirma que Dilma Rousseff é ainda a favorita, mas o resultado final dependerá do que se conseguir na economia.
Verifica-se que as observações são, em linhas gerais, o que consta da imprensa brasileira. As pesquisas mais recentes de opinião, como a promovida pela CNI – Confederação Nacional da Indústria indicam que também outros fatores estão influindo no prestígio recorde da presidente Dilma Rousseff. A pronta solidariedade para os atingidos pelo incêndio em uma cidade universitária do Rio Grande do Sul figurou entre um dos motivos importantes. Apesar da seca no Nordeste, há indicações que seus índices chegaram a superar o de Lula da Silva naquela região, mostrando que existem fatores que sensibilizam as classes populares do Brasil.
É natural que o pequeno percentual da população brasileira que vive de juros de dividendos fica insatisfeito pela atual política econômica brasileira, como o poderoso sistema bancário, que vem resistindo a qualquer regulamentação em todo o mundo. Acabam se posicionando na oposição, mas com menor capacidade de força eleitoral. Mas, como existe ainda um longo período até a eleição, e a gestão de muitos projetos não vem agradando parte importante da opinião pública, a definição dos resultados eleitorais ainda dependerá da evolução do quadro até outubro de 2014. Mas, como coloca o artigo, Dilma Rousseff com a sua campanha vem se mostrando capaz de conseguir a simpatia eleitoral, mesmo que existam muitos que não se mostrem satisfeitos com a atual situação.