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Avaliação da 11º Leilão Para Exploração de Petróleo

17 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: área mais disputada na foz do Amazonas, avaliações positivas do Valor Econômico e do The Economist, interesse do mercado, potenciais da costa nordestina | 2 Comentários »

Duas fontes independentes avaliaram como extremamente positivas os resultados do 11º leilão para as concessões para pesquisas e explorações de blocos, efetuado pela ANP – Agência Nacional de Petróleo, depois de um longo período sem os mesmos. O assunto está no editorial do Valor Econômico e num artigo do The Economist da próxima semana. O mercado reagiu com elevado interesse, principalmente sobre os blocos na foz do rio Amazonas, no litoral do Estado do Amapá, que chegou a um ágio de 3.735% vencido por um consórcio formado pela Petrobras, a francesa Total e a inglesa BP. Este bloco fica ao lado de uma exploração que já está sendo feita na Guiana Francesa. As áreas do nordeste brasileiro, que são consideradas como vizinhas do offshore africano, também já em exploração, despertaram grandes interesses. Áreas terrestres ficam próximas das áreas já exploradas no nordeste brasileiro.

Estes consórcios que disputam estes leilões são conhecidos como especialistas no assunto e só oferecem propostas quando veem elevadas possibilidades de retornos dos seus investimentos nas pesquisas e explorações. Mesmo analistas que não são considerados especializados nestes assuntos petrolíferos e que envolvem também o gás associado estavam informados sobre as altas potencialidades destas áreas, que diferem totalmente do pré-sal do sudeste brasileiro, que conta com elevadas profundidades. Há esperanças que a produção brasileira, no futuro próximo, venha a apresentar uma tendência crescente.

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Magda Chambriard, diretora-geral da da Agência Nacional do Petróleo. Foto: Agência Brasil

As propostas apresentaram recordes, tanto por alguns blocos como para o total da licitação, comparadas com as alcançadas no passado. A Petrobras procurou manter-se associada com outros grupos, demonstrando que não procura uma situação estatizante, mantendo uma posição monopolística, até porque não conta com recursos suficientes para atender todas as suas necessidades de investimentos.

Conseguiram seus intentos 12 empresas brasileiras e 18 estrangeiras, proporcionando ao governo uma arrecadação adicional de R$ 2,8 bilhões por estas concessões. Aguarda-se que consigam um adicional de 35 bilhões de barris de petróleo nestas áreas.

Este leilão foi importante para mostrar ao mercado que o governo está procurando as empresas privadas, nacionais e estrangeiras, não estando viesada para o domínio do setor com estatais, como a Petrobras. O The Economist interpreta que a Petrobras, tendo obtido no mercado US$ 11 bilhões recentemente, vai acelerar os seus investimentos nas áreas que consideram prioritárias.

Também o Valor Econômico expressa que as atividades do setor estavam praticamente congeladas desde o último leilão, e com o sucesso obtido neste poderá haver um deslanche nos investimentos, mostrando que contribui para a melhoria da confiança entre o governo e o setor privado.

Estes investimentos, bem como outras licitações que estão sendo promovidas pelas autoridades, ajudam a acelerar os investimentos indispensáveis para a elevação do crescimento da economia brasileira, ainda que haja necessidade de um período para a maturação dos mesmos.


2 Comentários para “Avaliação da 11º Leilão Para Exploração de Petróleo”

  1. Carla
    1  escreveu às 22:15 em 18 de maio de 2013:

    Sou amapaense, e o que me preocupa são as negociações que vêm sendo feitas pela União sem ao menos promover uma audiência pública no Estado para que a sociedade do Estado do Amapá possa discutir e tomar ciência dos recursos financeiros que será beneficiado ao Estado com essa possível exploração e PRINCIPALMENTE discutir quais danos ambientais poderá vir a surgir na região, que hoje é a mais preservada da região norte.
    O que me espanta mais ainda é a inércia da bancada de políticos que representam o Estado do Amapá e demais órgãos competentes, em não se posicionarem de maneira efetiva sobre este assunto de relevância para o povo amapaense. Informações que circulam é que os lotes leiloados no litoral do Amapá (os mais disputados e os vendidos em maior valor) já vêm sendo veiculados como pertencentes ao Estado vizinho: o Pará, cujas questões de refinamento do petróleo segundo informações divulgadas será feito lá naquele Estado.
    Surge a pergunta até quando o Estado do Amapá vai continuar sendo visto pelo restante do Brasil como o “fim do mundo” que serve somente para ser distribuidor de commodities cujas riquezas naturais são levadas embora para outros países ou outros Estados do Brasil, e nada se investe no Estado. Até quando o Amapá continuará sendo visto como o quintal (e diga-se de passagem “abandonado”) do Estado vizinho o Pará, ou visto como a “mosca do coco do cavalo do bandido”. Desde o século XVIII, quando se criou na época a Vila de Macapá tudo que era produzido aqui, como o arroz, e até mesmo as chamadas “drogas do sertão” na época eram levado para o Estado vizinho, que na época chamava Grão-Pará. Até o nosso próprio registro documental histórico não se tem aqui no Estado, tudo encontra-se no Arquivo Público do Pará bem como nossos achados arqueólogos levados para os Museus do Pará. Agora até o petróleo da costa amapaense estão dizendo ser do Pará!
    Brasil! Tenha um pouco de alteridade e respeito com a sociedade que vive nesta parte do país, esquecida por muitos de vocês e só lembrada quando há interesses financeiros a serem explorados e levados embora!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:33 em 19 de maio de 2013:

    Cara Carla,

    Obrigado pelo seu comentário que respeito. Pode estar certa que a consolidação do Amapá acabará sendo acelerada com este tipo de exploração, que sempre também tem alguns inconvenientes, mas no balanço acaba sendo positivo.

    Paulo Yokota