Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldade da Escolha de Prioridades

12 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: assuntos importantes, inundação de notícias no mundo e no Brasil, leituras prioritárias, tarefas estratégicas

Mesmo os economistas experimentados na escolha de prioridades acabam ficando confusos diante da avalanche de notícias do Brasil e do mundo, de diferentes profundidades e velocidades, até para selecionar as que merecem uma atenção maior no tempo limitado. É evidente que todos possuem suas preferências, mas existem assuntos que provocam maior impacto em toda a sociedade humana que também se globalizou, tanto no presente como nas suas consequências para um futuro mais longínquo. As condições básicas estão se alterando mesmo em variáveis que eram mais estáveis como os dados demográficos, com o aumento da perspectiva de vida e consequentemente dos idosos, apesar dos reclamos para a melhoria dos serviços de saúde. Mesmo com as restrições protecionistas, o mundo está acelerando a sua globalização, tanto de informações como de todos os bens, inclusive dos serviços.

Na acirrada competição que se observa no mundo, os avanços tecnológicos está permitindo a elevação da produtividade dos recursos humanos, sendo que a educação e as pesquisas parecem determinar diferenças significativas entre países na sua evolução. Alguns países contam com lideranças mais qualificadas, bem como sistemas de administração democrática que permitem tirar proveito dos escassos recursos que dispõem, ajustando-se com menos atritos às mudanças que estão ocorrendo com maior ou menor eficiência. As aspirações por maior liberdade se manifestam por todas as partes, mesmo havendo restrições variadas. Nem todos contam com a consciência que a convivência entre pessoas que pensam diferentes exige um mínimo de organização, com capacidade de aperfeiçoamentos. Que as limitações de todos os recursos disponíveis impõem a escolha de prioridades, e que muitas demandas só podem ser atendidas depois de algum tempo, pois o mundo on time só existe em alguns setores.

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Parece haver um razoável consenso que a educação seria uma das maiores prioridades e, como estamos insistindo neste site, ela deve vir desde a gestação, para atender o desejo de igualdade que parece uma aspiração natural dos seres humanos. O aparato de compreensão do mundo dependerá das alimentações da mãe mesmo na durante a sua gravidez, e o ideal perseguido é que haja a máxima igualdade no ponto de partida da vida de todos.

Ainda que muitos entendam que a educação é função das escolas, parece fácil constatar que as personalidades das crianças começam a ser moldadas no seu primeiro ano de vida, com o aprendizado que vão adquirindo tendo os seus pais como exemplos básicos, e muitos deles preferem deixar estas tarefas fundamentais com as babás, entendendo que seus tempos são mais preciosos para suas atividades, inclusive profissionais.

As escolhas das creches e escolas, quando existem possibilidades, desde a pré-escolar até os níveis universitários, parecem ser movidos pelos critérios dos seus prestígios no mercado, sem que os seus conteúdos sejam examinados com o auxílio de especialistas em pedagogia e educação, quando suas metodologias estão se aperfeiçoando rapidamente.

As discutidas participações dos pais nas orientações e atividades das escolas parecem relegadas a um segundo plano. Em alguns países que dão elevada prioridade para a educação, estas participações são consideradas relevantes, pois partilhar de suas atividades permite acompanhar tudo que está ocorrendo. No Japão, por exemplo, os pais se revezam na orientação das crianças nos seus caminhos para a escola e a volta, para a travessia das ruas consideradas mais perigosas. As limpezas cotidianas das escolas são feitas pelos alunos, orientadas pelos professores, mas os pais são convidados para mutirões que envolvem tarefas mais volumosas, como a manutenção dos campos e estádios para a prática de esportes. Este envolvimento parece sugerir que o pretendido é da família como um todo e não somente do aluno.

Na Coreia do Sul, os sistemas mais avançados de informática estão sendo utilizados na educação, e até os Estados Unidos estão procurando adaptar os que estão utilizados naquele país asiático. Mas temos insistido que a filosofia da educação parece importante, sendo que a orientação francesa proporcionava um conhecimento mais humanístico, com a compreensão interdisciplinar mais ampla do que a exagerada especialização perseguindo somente a eficiência produtiva como a norte-americana.

Os fatos estão mostrando que até as lideranças mais credenciadas de um país não contam com visões amplas para entender todas as complexidades do que vem acontecendo, com as aspirações junto com facilidades dos meios de comunicação informal, como as das redes sociais que não facilitam as reflexões mais profundas sobre os temas envolvidos.

Sem a organização das discussões, avaliando as novas prioridades que estão sendo levantadas, com um exame democrático dos meios mais adequados para atingi-las, parece que a oportunidade que está se manifestando não somente no Brasil, mas em muitas localidades do mundo, não resultará em soluções mais eficientes para o seu atendimento. Esperar que do caos nasçam as luzes mais recomendáveis, parece milagre que não faz parte do mundo dos seres humanos.

A evolução desconhecida para o futuro tende a paralisar iniciativas que poderiam ajudar a todos, limitando os recursos disponíveis para a solução das demandas que costumam ser maiores que as possibilidades de atendê-las. O decorrer do tempo também acaba ajudando na deterioração do quadro, pouco ajudando no equacionamento mais razoável dos conflitos de interesses dos diversos grupos que compõem uma sociedade.

Tentar entender todas as complexidades dos temas envolvidos, procurando ordenar as prioridades para os seus atendimentos, parece ser o desafio que temos que enfrentar com a máxima urgência. Mas parece que tudo isto não pode ser dominando somente pela emoção que é importante, mas nem sempre é acompanhada pela razão, que deve diferenciar os seres humanos dos demais.