Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Importância da Política Econômica do Brasil

17 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Francisco Lopes no Valor Econômico, editorial do Valor Econômico, papel do governo

Todos concordam que a economia brasileira passa por um difícil período de transição, como ressaltado no editorial de hoje do jornal Valor Econômico. Mesmo que o PIB brasileiro possa crescer 4% neste ano, como expressou o economista Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, no seu artigo no mesmo jornal, muitos analistas entendem que a posição que será adotada pelo governo na reformulação de sua política econômica será crucial para o que continuará acontecendo no resto do ano. O cenário internacional com alterações importantes, a já aguardada desaceleração do crescimento da economia chinesa, o início da mudança da política do FED norte-americano bem como as manifestações populares de insatisfação que se espalham pelo mundo, não somente no Brasil, são alguns fatos que necessitam ser considerados.

O governo brasileiro, que de se um lado empenha-se no atendimento das demandas populares com suas novas prioridades, de outro conta com crescentes limitações decorrentes das pressões inflacionárias, limitações dos recursos disponíveis e desejo de manter um crescimento mínimo na sua economia. Não vem revelando uma capacidade para administrar todas as suas dificuldades, com o adequado diálogo com todos que possuem o poder para tanto. Não mostra de onde poderá retirar os recursos para todas as suas necessidades, usando quais instrumentos e com que estratégia. Vem registrando um crescente desconforto dos empresários que são considerados estratégicos para efetuar os investimentos indispensáveis.

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Dilma Rousseff e a equipe ministerial

É verdade que este tipo de desconforto não está sendo enfrentado somente pelo governo brasileiro, mas por um número elevado dos que estão comandando diversos países. Com este tipo de cenário mundial, torna-se mais relevante que esteja clara a política econômica que vai ser adotada, que possa orientar os diversos agentes econômicos, mesmo que não seja de agrado de todos.

O Brasil é um país onde o papel do governo vem se revelando mais importante do que em muitas outras economias. Sua carga tributária é elevada, muitos serviços prestados à população ainda são públicos, e o seu setor privado depende das orientações que são proporcionadas pelas suas agências.

A sua credibilidade encontra-se desgastada e muitos consideram que a equipe governamental escolhida pela presidente Dilma Rousseff é exagerada em tamanho, e baixa em competência, tanto na formulação de uma política adequada como na gestão de muitos dos seus projetos.

Do ponto de vista político, parece indispensável que se promovam algumas mudanças que deem um novo ânimo ao governo, pois muitos começam a entender que esta administração já esgotou o que poderia fazer, e ainda existe um longo período até as novas eleições.

Ninguém imagina que estas tarefas urgentes sejam fáceis, pois vai exigir grandes sacrifícios da parte de todos, a partir da chefe de governo, bem com uma rearrumação das forças políticas que lhe dão sustentação. Parece ser a hora para revelar se existem estadistas para efetuar as difíceis travessias para as novas situações, que proporcionem esperanças de algumas melhorias.

O Brasil conta com recursos humanos indispensáveis, recursos naturais abundantes, tecnologias que estão se aperfeiçoando, uma história de superação de suas dificuldades, uma tradição política que está se consolidando, uma economia capaz de ajustar-se às novas políticas, instrumentos para alterar sem traumas a sua economia para os novos cenários, um mercado interno apreciável, a maioria das condições para uma performance superior a que está obtendo.

Os objetivos estão sendo sugeridos pelas manifestações populares, mas como serão alcançados dependem da formulação adequada da política econômica, que certamente terá que sofrer alterações para contar com a credibilidade indispensável. Mesmo difícil, sempre existem meios para uma compatibilização mais ajustada à realidade existente, sem nenhuma mágica.