Economia Chinesa na Visão de Financistas de Hong Kong
21 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ajustamento que está sendo efetuado, artigo de Andrew Sheng e Xiao Geng, as estatais, autoridades locais, modelo de desenvolvimento baseado no urbano e na exportação, necessidade de coordenação do Estado, o crescimento do passado, reequilíbrio
Por: Paulo Yokota Seção: Economia, Editoriais e Notícias, WebTown Tags:
Andrew Sheng e Xiao Geng são autores que escrevem regularmente para o Project Syndicate com foco principal na análise da economia chinesa, estando sediados em Hong Kong. Apontam no seu último artigo que a economia chinesa veio crescendo entre 1978 a 2012 com uma elevada taxa média de 10% anual. Isto decorreu de um modelo utilizando uma urbanização e ênfase na exportação, que teve o mérito de tirar 500 milhões de chineses da pobreza. Mas este processo criou grandes desafios que necessitam ser agora superados, como as bolhas de propriedades imobiliárias, engarrafamentos no trânsito, poluição, dívida elevada do governo, corrupção, agitação com a desigualdade social, entre outros problemas. A mudança para um crescimento voltado ao consumo, com estabilidade, inclusão social e sustentabilidade está no topo da agenda chinesa.
O novo modelo de crescimento considera os principais fatores de produção, a terra, o trabalho, o capital e a produtividade total dos fatores mostrando a sua eficiência. Afeta, com isto, a dimensão humana dos chineses, a forma de viver dos cidadãos comuns. Exige uma nova configuração das instituições sociais, políticas e econômicas, com o estabelecimento de normas, procedimentos, leis e mecanismos de sua aplicação, segundo os autores. Conduz a necessidade de respeito pela natureza, um desenvolvimento harmonioso e inovador.
Andrew Sheng Xiao Geng
Os autores afirmam que a estabilidade com a redução do crescimento vai depender da coordenação institucionalizada do Estado com o mercado e a sociedade, um grande desafio diante de interesses diferentes, bem como do governo central com os locais.
Eles apontam que o exterior entende a China como um bloco homogêneo, quando existe uma burocracia complexa e diferenciada, com sobreposições do oficial e quase oficial. Há uma ativa interação entre o governo e o setor privado com seus interesses, que influem no estabelecimento da política fiscal e monetária, bem como as diversas medidas que regulamentam a economia, através dos governos locais.
E há uma acirrada competição entre os diversos governos locais, uns contra outros pelos empregos, receitas, investimentos e acesso a todos os tipos de recursos, inclusive humanos. As autoridades locais são nomeadas centralmente e suas promoções dependem dos seus resultados, gerando uma interação extremamente complexa.
Quando as autoridades centrais tentaram impulsionar o crescimento para combater a crise global de 2008, os governos locais ampliaram sua capacidade de investimentos utilizando recursos não bancários. Muitos completaram seus recursos com as vendas das terras.
Muitas autoridades e empresas locais têm acesso a créditos privilegiados em custos, havendo diferenças que chegam a 10% na taxa. O reequilíbrio para o consumo interno vai exigir reformas de monta, inclusive para delinear o uso da terra, com transparência nas finanças locais.
O setor privado pode ficar preterido na disputa entre o Estado e o mercado. A nova ordem terá que alinhar as estruturas e os incentivos institucionais. O mercado necessitará de espaço para suas inovações. Encontrar o equilíbrio adequado será o desafio principal da China nos próximos anos, segundo os autores.
Certamente todo este processo, numa gigantesca economia como a chinesa, cheio de entraves burocráticos defendendo seus interesses, não será nada fácil. E ainda existem os que reclamam das restrições existentes no Brasil e sua complexidade.