Atualidade da Política Brasileira
6 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: adesão ao PSB, dificuldades que se tentam superar, tentando sair da não aprovação da Rede Sustentabilidade, tentativa sem a claridade do quadro
Com a não aprovação da Rede Sustentabilidade, liderada pela ex-senadora Marina Silva, pelo Tribunal Superior Eleitoral, procurou-se uma saída que ela determina programática, mas que na realidade é pragmática, não havendo nenhum demérito por isto. Resultou na sua filiação ao PSB – Partido Socialista Brasileiro que tem como candidato à Presidência da República o seu líder Eduardo Campos, atual governador do Estado de Pernambuco. Ela procura preservar a Rede Sustentabilidade como um partido de fato, ainda que não legal, procurando mantê-la como uma voz ativa na discussão da renovação política brasileira, numa “coligação” com o novo partido dela, considerado o mais próximo das ideias da Rede, apoiando a candidatura já existente. Não se pode deixar de reconhecer que se trata de uma solução criativa, mas que não corresponde totalmente ao discurso de Marina Silva, de “enterrar a Velha República” que estaria representada pela alternância da Presidência da República por um representante do PT – Partido dos Trabalhadores ou do PSDB – Partido Social Democrático Brasileiro, podendo resultar num encolhimento no suporte atualmente atribuído pelas pesquisas de opinião pública a ela.
É preciso reconhecer que todos os partidos políticos existem com o objetivo de conquistar o poder, e a Rede Sustentabilidade espera merecer a preferência dos eleitores que aspiram discutir novas propostas para a forma de exercer a política no Brasil. Muitos analistas entendem que Marina Silva acabará como candidata à vice-presidente da chapa liderada por Eduardo Campo ou candidata a outro cargo, ou na hipótese desta chapa não decolar, haver a possibilidade da inversão desta chapa, passando Marina Silva a ser a cabeça da mesma. Deve-se reconhecer que no processo eleitoral brasileiro, os eleitores votam nos nomes dos candidatos e pouco se considera sobre os programas dos partidos.
Marina Silva e Eduardo Campos (Foto: Correio Brasiliense)
Os críticos à Marina Silva apontam suas frequentes mudanças de posições, como as religiosas, que passaram do catolicismo para o protestantismo, tendo mudado de partidos, do PT para o Partido Verde, de onde saiu para tentar a criação da Rede, acabando por filiar-se ao PSB. Mesmo justificando-se estas mudanças da melhor forma possível, há sempre os que ficam incomodados com tantas “evoluções”, mesmo que no seu discurso ela afirme que não se parte do zero, mas aperfeiçoamentos dependendo dos dinâmicos desenvolvimentos da política, o que seria um pragmatismo.
Ainda que ela venha aperfeiçoando suas posições teóricas com ampliação dos seus conhecimentos políticos, há que se admitir que para uma pretendente a uma forte liderança há que se contar com uma capacidade também operacional, que não se mostrou adequada na aprovação legal da Rede Solidariedade, que está sendo atribuída à restrição do governo atual e ao sistema cartorial existente no país. A política não se efetua dentro do puro campo das ideias, mas dentro de uma realidade dura, com todas as restrições que existem nas sociedades humanas. Admitir-se um pragmatismo não deveria ser considerado como uma mácula aos seus projetos, que mesmo sendo legítimas aspirações não podem ficar fora do campo das possibilidades concretas.
As primeiras avaliações são das possibilidades de fortalecimento da candidatura de Eduardo Campos e do atual PSB, conseguindo parte dos eleitores do atual governo que tem a presidente Dilma Rousseff como candidata à reeleição, e o aumento das dificuldades do PSDB chegar a um eventual segundo turno. A adesão da Marina Silva ao PSB, portanto, seria considerando uma mudança na oposição na evolução atual do quadro político, que ainda terá praticamente um ano até as eleições, onde novas mudanças podem ser provocadas por outros fatores.
Esta falta de clareza não se observa somente no Brasil, mas com a precária evolução econômica mundial, as situações políticas também acabam ficando fragilizadas, sem consolidadas posições. O quadro geral tende a ficar mais complexo, com quaisquer mudanças poderem alterar a tendência observável, com uma disseminação das manifestações de contrariedade até como atos violentos, lamentavelmente.