A Redução do Desmatamento no The Economist
6 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo do The Economist sobre desmatamento, esforços adicionais, o Brasil como exemplo no mundo, reconhecimento internacional
O Brasil, que passou décadas sendo criticado pelo desmatamento de suas florestas, começa a ser reconhecido internacionalmente pelos seus esforços na redução do desmatamento, até por revistas internacionais de prestígio como o The Economist, que dedica uma matéria sobre o assunto. O gráfico apresentado abaixo, constante do artigo daquela revista, é expressivo e fala por si só. No entanto, além das informações prestadas pelo artigo, podem-se adicionar algumas observações mostrando os fatores que influenciaram na mudança deste comportamento. O artigo usa as informações recém-publicadas na revista científica Science por Dan Nepstad, do Earth Innovation Institute de San Francisco, Estados Unidos. Ele aponta um processo de três fases no caso brasileiro: uma que proíbe o desmatamento, outra com a melhor governança nas áreas de fronteira e a pressão dos consumidores de produções destas áreas desmatadas.
O que poderia se adicionar a estas informações é que, além da exigência de 80% de reservas na Amazônia, o que era irrealista e foi reduzido para 50%, melhoraram-se os conhecimentos dos limites exatos de cada propriedade com uso do GPS, além do uso dos satélites que permitiam a localização exata dos desmatamentos. A nova legislação com o Código Florestal também permite que se efetuem esforços no sentido de um aumento da produtividade, sem que o crescimento seja extensivo. Além disso, foram criadas as reservas de todos os tipos na Amazônia, como as indígenas, de preservação do meio ambiente, numa escala nunca vista no mundo.
Apesar do artigo do The Economist ligar este declínio do desmatamento à produção de soja, o que se verifica é que esta está mais ao sul do que a floresta amazônica, cuja mata desmatada destinava-se à pecuária, além da produção de arroz que procurava aproveitar a fertilidade natural logo após o desmatamento.
As medidas creditícias restritivas às produções que provocavam desmatamentos também deram a sua contribuição, ao lado do controle do comércio das madeiras mais nobres desmatadas. Hoje, exige-se a certificação de origem das madeiras comercializadas, ficando as demais consideradas ilegais. As madeiras apreendidas eram leitoadas, e os próprios desmatadores ilegais acabavam arrematando-as, o que agora está sendo evitado.
Hoje, deve-se reconhecer que existe um esforço persistente para que este desmatamento seja reduzido, o que está proporcionando resultados concretos, como os que podem ser observados pelos dados do gráfico. Na medida em que estes esforços sejam reconhecidos no exterior, e acabem sendo auxiliados com dotações de recursos de incentivo para tanto, os resultados serão mais expressivos, consagrando o Brasil como o país que mais faz esforços neste sentido da preservação da floresta.