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O Desmatamento no Cerrado Brasileiro

4 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: comentários de Marcelo Leite da Folha de S.Paulo, cuidados de sustentabilidade necessários., dados de um estudo efetuado por ex-pesquisadores do Inpe

clip_image001No artigo publicado na Folha de S.Paulo, de autoria de Marcelo Leite, trata-se do assunto do desmatamento do cerrado brasileiro. Ele é mais preocupante que a atenção voltada apenas à sustentabilidade da Amazônia.

Agricultura mecanizada no cerrado

As informações, segundo o autor, foram obtidas na publicação “Análise Geoespacial da Dinâmica das Culturas Anuais no Bioma Cerrado”. O levantamento foi realizado pela empresa Agrosatélite, formada por ex-pesquisadores do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ele se concentrou em Matopiba – a área compreendida pelos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde hoje se explora a produção de cereais, e antes eram de cerrados.

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Ilustração no artigo na Folha de S.Paulo

O artigo sugere que isto esteja acontecendo, com a continuidade do seu desmatamento, como decorrência das limitações do desmatamento da Amazônia, hipótese que não parece a correta. Na realidade, o aproveitamento do cerrado no Brasil antecedeu a este processo, passando para culturas anuais de cereais de áreas antes ocupadas pela pecuária extensiva.

Isto ocorreu dada a facilidade do desmatamento do cerrado, que, apesar de contar com solos limitados, tinha uma vegetação típica com plantas que chegaram a ser pequenas árvores no máximo. Com o uso de tratores pesados e um “correntão”, era possível efetuar um desmatamento fácil. Parece que muitas áreas precisavam ser preservadas, notadamente as matas ciliares junto aos pequenos rios, muitos deles até temporários. Como as topografias e a qualidade dos solos são diferenciadas em qualquer área, aproveitando-se as melhores para as culturas de cereais, deveria ser mantidas as demais como reservas, o que nem sempre aconteceu.

As precipitações pluviométricas nestas áreas eram menos intensas, e, hoje, sem os cuidados necessários, as intensidades das secas acabam sendo mais acentuadas. As técnicas de exploração agrícola, com elevada mecanização, aproveitavam as topografias favoráveis destas áreas para cultura de alguns cereais, onde se destacam a soja, o milho e mais algumas outras. Onde existem suprimentos especiais de água, aumentaram os chamados pivôs centrais, que permitem a irrigação e mais de uma cultura anual. Evidentemente, o solo é corrigido na sua acidez com calcários, e os fertilizantes químicos são utilizados, além de inseticidas para se evitar as pragas.

Áreas que se acreditam pouco convenientes para estas culturas, como as do Maranhão e do Piauí, também foram aproveitadas, mas não se relacionam com o desmatamento provocado na Amazônia. Ainda existem áreas no cerrado onde as atividades são extensivas, que com o tempo tendem a serem aproveitadas de formas semelhantes, mas as preocupações das preservações devem ser cada vez mais elevadas.