As Dificuldades de Execução da Política Econômica
10 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a dosagem adequada e o gradualismo, mesmas dificuldades dos Estados Unidos e de outros países, o caso da política econômica na China
A maioria da imprensa econômica mundial, inclusive o Valor Econômico com um artigo de Roberta Costa, refere-se ao ajustamento que está sendo tentando na China, onde o seu Banco Central, chamado de Banco do Povo da China, procura uma flexibilização monetária gradual para que o crescimento econômico daquele país não fique exageradamente mais baixo do que o previsto e desejado. Está se reduzindo o depósito compulsório de algumas instituições menores, notadamente aos voltados ao crédito rural, mas de forma cautelosa e setorial, pois um exagero no estímulo pode aumentar as tensões inflacionárias mesmo naquele país onde a influência governamental é mais elevada.
O próprio Estados Unidos, que começam a se recuperar, apresentam alguns meses de crescimento mais modesto, ainda que considerando todo o início deste ano as tendências sejam otimistas. Neste caso, o FED – Banco Central dos Estados Unidos vem perseguindo uma redução gradativa e cautelosa dos estímulos monetários, dependendo tanto do setor fiscal daquela economia como do comportamento do setor privado. Quando a coordenação do setor monetário e fiscal não é bem efetuada, como em muitos períodos no Brasil, os resultados gerais são mais complexos, principalmente por que seus efeitos ocorrem depois de muitos meses. Além do governo que não está devidamente articulado enfrentar um setor privado insatisfeito, principalmente no seu setor financeiro.
Banco do Povo da China
Na realidade, a execução da política econômica é muito mais uma arte do que o correto diagnóstico da situação com o uso dos conhecimentos econômicos, cujos modelos costumam ser precários e controvertidos. Os comportamentos dos diversos setores da economia e da sociedade brasileira nem sempre são totalmente racionais, havendo importantes aspectos que são emocionais, com suas preferências políticas diferenciadas.
É de se supor que na China, ainda num regime considerado por muitos autoritários, com quadros preparados para o exercício da gestão na sua cúpula máxima, tenham maior disciplina na sua execução. No entanto, além de setores que estão contando com maior liberdade econômica, existem fortes escalões locais que detêm uma importante parcela de poder. As estatais, ainda que em declínio, ainda são poderosas, e com o combate à corrupção, existem seguimentos que apresentam resistências surdas.
No mundo globalizado, todos dependem também do que acontece nos outros países, que também apresentam variadas situações, não sendo de grupos homogêneos, tanto entre os desenvolvidos como os emergentes e em desenvolvimento.
Todos estão sujeitos às restrições étnicas e religiosas, bem como considerações da geopolítica mundial. Todos procuram fazer o melhor possível neste quadro complexo e diversificado, onde nem sempre a racionalidade predomina. O mais adequado é estabelecer uma larga margem de segurança, pois as previsões e os desejos acabam sujeitos a mais incertezas, do que seria desejável.