As Questões Climáticas Estão Exigindo Ações
2 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: diversas fontes, iniciativas nos Estados Unidos, o caso da China, soluções particulares em cada país
Ainda que continuem haver resistências, mesmo os grandes países poluidores, como os Estados Unidos e a China, acabam sendo obrigados a tomar iniciativas para medidas locais visando a redução do lançamento de poluentes no ar. No Estados Unidos, artigos como os divulgados no site da Bloomberg informam que, mesmo tardiamente, o governo Barack Obama procura aprovar no Congresso daquele país medidas que visem a redução do lançamento de poluentes, ainda que conte com as resistências que estão concentradas entre os Republicanos. Na China, informações da revista Science informam que o primeiro-ministro Li Keqiang se interessa pelo assunto, havendo autoridades regionais procurando tomar medidas concretas, diante dos insuportáveis níveis de poluição em diversas frentes, ainda que existam dificuldades para acordos globais como os propostos no âmbito das Nações Unidas.
Barack Obama, que teria prometido na campanha eleitoral iniciativas para a redução da emissão de gases estufa, esboça propostas concentradas nas usinas que ainda utilizam o carvão mineral para a geração da energia elétrica. Sua proposta parece propor um corte de 30% sobre os níveis de 2005 no país, até 2030, que é um prazo bastante longo. Até Michael R. Bloomberg, que foi o prefeito de Nova Iorque, escreveu um editorial sobre o assunto, pois ele já estava contrariado com a demora de uma ação do governo, principalmente quando a região daquela metrópole foi atingida pelo furacão Sandy.
Barack Obama Li Kequiang e Marcia McNutt, editora chefe do Science
As metas gerais de redução dos lançamentos de gás estufa por país são mais emblemáticos para demonstrar o empenho dos governos, mas, do ponto de vista operacional, as medidas precisam visar o que acontece em cada região ou até em cada unidade poluidora, onde as usinas termoelétricas são cruciais. Mas as resistências são gerais, informando que tais medidas reduziriam o desenvolvimento econômico que nos Estados Unidos está em fase de dura recuperação.
Todos concordam que pode haver algum custo neste combate à poluição, pois muitas empresas poluentes terão que instalar equipamentos que sirvam de filtros ou terão que substituir as fontes de energia que ainda estão utilizando, por outras menos poluentes. Também haveria alguns cortes de emprego em setores obsoletos. As medidas legislativas nos Estados Unidos determinariam que a EPA – Agência de Proteção Ambiental defina as medidas em seus detalhes.
Deve-se reconhecer que já existem regiões nos Estados Unidos que já superaram até os limites que estão sendo sugeridos para 2030, mostrando a diversidade de situações. Os que são favoráveis a tais restrições argumentam que as novas fontes de energia e as demandas de filtros poderão criar novos empregos. Na realidade, o problema se tornou político, não havendo um consenso entre os norte-americanos.
Os norte-americanos reconhecem que não é somente o CO2, onde suas atenções estão concentradas. Os gastos de saúde e vida, como os respiratórios e cardíacos, estão concentrados no NO2, que são partículas menores que estão críticos nas grandes metrópoles, como na Europa.
Particularmente expressivo foi a audiência concedida pelo premiê Li Keqiang à doutora Marcia McNutt, excepcionalmente, como ela mesma registrou no editorial da revista Science. O normal seria ela se encontrar com uma autoridade de nível técnico, e estava prevista para cerca de 30 minutos, acabando por se estender por 75 minutos, numa ampla troca de ideias que foi divulgado na China.
O que parece importante é que o premiê desejava utilizar esta entrevista para transmitir aos chineses a prioridade que o governo estava dando ao combate à poluição que se tornou crítico naquele país. Também, além do CO2, há uma preocupação com as micropartículas que estão 20 vezes mais elevados do que os limites sugeridos pela Organização Mundial da Saúde.
Além do editorial, a revista Science dedicou uma longa matéria sobre o assunto, mostrando que Li Keqiang é um líder consciente da importância do assunto, que conhece também tecnicamente. Todos possuem limitações, ainda que saibam dos assuntos, mas na medida em que concedem prioridades nas ações para o seu combate, do ponto de vista técnico, parece que está se dando passos importantes, que nem sempre estão sendo processados em outros países emergentes como o Brasil.
Se os dois países mais poluentes, os Estados Unidos e a China, dão estes passos, parece que pode se alimentar a esperança que outros países também venham a adotar medidas adicionais, pois estes problemas de aquecimento global já passam do limite do tolerável, exigindo ações objetivas, além da continuidade das discussões científicas.