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Crescimento do Mercado Brasileiro de Produtos Orgânicos

12 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, Saúde | Tags: artigo no Estadão, aumento significativo, entidades credenciadoras, limitações das estatísticas

Um artigo elaborado por Tania Rabello, publicado no site do Estadão, informa que em 2013 o mercado brasileiro de produtos orgânicos teria crescido 35% com relação ao ano anterior. Teria chegado à cifra de R$ 1,5 bilhão, o que ainda é insignificante aos R$ 70 bilhões atingidos pelos Estados Unidos, mas o seu crescimento é animador. Muitas informações foram fornecidas por Ming Liu, que é o gestor do projeto Organic Brasil, que esteve presente no BioBrasil Fair/Biotech América Latina realizado no começo deste mês em São Paulo. Estima-se que muitas produções e comercializações de produtos orgânicos ainda não são fornecidas para as autoridades, o que levaria a sua subestimação. A regulamentação em 2011, a partir da Lei dos Orgânicos, estaria permitindo a expansão dos dados registrados, mas haveria ainda muito que se fazer.

Nos Estados Unidos, o assunto está regulamentado desde 1999, quando era de US$ 1 bilhão para chegar hoje a US$ 35 bilhões, o mesmo tipo de comportamento espera-se para o Brasil. Os registros deverão ser feitos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mas ainda não são completos, por estarem fragmentados. Na ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados estima-se que a cifra já tenha chegado a R$ 2 bilhões no varejo, mas existem muitos pequenos estabelecimentos que trabalham com estes produtos que não fornecem sistematicamente as informações. O que parece evidente é que existe uma maior consciência que tais produtos evitam problemas de saúde, devendo crescer no futuro.

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O problema é que ainda não existem organizações credenciadoras dos produtos que já tenham tradição e estejam consolidados. As iniciativas continuam sendo dispersas dependendo de grupos que têm maior consciência da sua necessidade, principalmente de pequenos produtores agropecuários, ainda que já existam alguns poucos agricultores que produzem em volume para abastecimento de redes de supermercados.

Como estes produtos têm preços mais elevados, somente em algumas lojas conta-se com setores de produtos orgânicos, muitas vezes somente para vender uma imagem, sem que sejam expressivos nos volumes totais comercializados. Também as verificações das origens destes produtos e os seus procedimentos nem sempre são acompanhados.

Todos sabem que existem abusos nas utilizações de agrotóxicos, bem como fertilizantes químicos na produção agropecuária brasileira. Mesmo produtos que já são proibidos no exterior continuam sendo usados de forma abusiva no Brasil, com exceções de quantidades para evitarem algumas pragas.

É o caso da banana, onde os consumidores não estão informados da quantidade de agrotóxicos utilizados, que chegam a afetar a saúde dos que trabalham nestas lavouras. Mas os consumidores ainda imaginam que somente produtos que deixam as suas marcas, como os figos, seriam os prejudiciais, e que bastaria serem lavados ou suas cascas seriam proteções adequadas. Lamentavelmente, não é o que acontece.

Mas, sempre existe a esperança que haja aumento das entidades certificadoras e fiscalizadoras, e as divulgações das moléstias provocadas pelos usos de produtos químicos sejam ampliadas. Além de um grupo pequeno de uma elite mais informada, há que se ampliarem as informações para a massa dos muitos consumidores, de forma a evitar gastos futuros com os tratamentos da saúde.