Revisão das Expectativas do Gás do Xisto
5 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a fonte original na revista Nature, artigo em português sobre o gás do xisto na Folha de S.Paulo, os problemas existentes, possibilidade de superestimação das reservas
Disseminou-se um exagerado otimismo com o gás do xisto nos Estados Unidos a ponto de influenciar fortemente na atual queda de preços dos combustíveis no mundo, pois se acreditava que seria uma tendência de longo prazo. No entanto, estudos mais acurados, como os mencionados na revista científica Nature, que costuma ser cuidadosa, com matérias elaboradas por Mason Inman, informam que especialistas da Universidade de Texas discordam dos organismos oficiais como a US Energy Information Administration – EIA, mostrando que pode ter ocorrido um exagero nas projeções. Os estudos mais detalhados estão mostrando as diferenças nas características de muitas reservas nos Estados Unidos, o que ocorre também em outros países como a China, tida como a que detém a maior reserva mundial, mas não se empenhou na sua exploração, também devido limitações de sua disponibilidade de águas.
Produção de gás de xisto na reserva de Marcellus nos Estados Unidos
O otimismo foi provocado pela formação da reserva chamada de Marcellus, que se estende da West Virgínia, Pensilvânia e Nova Iorque, onde já funcionam 8 mil poços, que continuam aumentando. Cada poço chega até a 2 quilômetros de profundidade, e serpenteia por mais um quilômetro através da reserva que não é uniforme. Somente ela abastece a metade do consumo de gás dos Estados Unidos. As outras grandes reservas são o Barnett, no Texas, o Fauetteville, no Arkansas, e Haynesville, que fica na fronteira de Louisiana e Texas. Todos somam 30 mil poços, produzindo dois terços da produção do gás de xisto dos Estados Unidos. Evidentemente, os produtores se concentraram nas localidades que apresentam maiores disponibilidades de gás, devendo encaminhar para outras menos produtivas.
A agência EIA, no seu relatório anual de 2014, estimava que com a expectativa de aumento gradativo dos preços do gás natural haveria um aumento da produção até 2040, quando poderia deixar de crescer. Nas últimas previsões, o aumento chega somente até 2020 e deve se manter no mesmo patamar até 2040. Muitos efetuam previsões diferentes, usando dados que não são os mesmos, mas o que se sabe é que as reservas são irregulares em conteúdo de gás explorável do ponto de vista econômico, tanto na mesma área que é gigantesca como nas outras regiões.
No mínimo, os estudos mais detalhados estão resultando na possibilidade de riscos mais elevados, principalmente se o preço do gás não continuar subindo, como já vem acontecendo com o petróleo. Também se observam que nem todos contam com água em volume que possam ser poluídos. O caso da Polônia, a mais promissora na Europa, parece estar sugerindo maior cautela.
Existem problemas metodológicos sobre as estimativas, e o entusiasmo geral parece ter induzido a um otimismo exagerado, mas também existem opiniões divergentes. Os detalhamentos acabam melhorando as estimativas que estavam sendo feitos de forma geral, quando não se comprovam as uniformidades desejadas.
O artigo publicado levanta a hipótese de ocorrer um fiasco com o exagerado otimismo que acabou prevalecendo nos Estados Unidos.