Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldade Mundial de Controlar o Câmbio

16 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: entrevista do veterano Toyoo Gyohten para o site da Bloomberg, experiência do Acordo de Plaza em 1985, não há condições de ajustes como naquela época, relação do yen japonês com o dólar norte-americano

clip_image002Ponto de vista do experiente japonês Toyoo Gyohten sobre a relação do yen com o dólar norte-americano em 2015, segundo entrevista concedida ao site da Bloomberg.

 

Toyoo Gyohten, presidente do Institute for International Monetary Affair, ex-vice ministro de Finanças para assuntos internacionais do Japão

Toyoo Gyohten é um dos mais experientes japoneses em assuntos internacionais com longa carreira no Ministério de Finanças do Japão, bem como amplo relacionamento com instituições financeiras de organizações internacionais, os sediados em Washington, USA. Meu amigo pessoal, conhecedor de assuntos brasileiros, ele é atualmente presidente do Institute for International Monetary Affairs com sede em Tóquio. Suas considerações estão baseadas em longas experiências acumuladas por muitas décadas de trabalho na área internacional.

Apesar do assunto câmbio ser um dos mais difíceis para serem previstos, a ponto de afirmar-se que a sua melhor estimativa para o futuro é a cotação de ontem, ele afirma que nunca o yen se desvalorizou por quatro anos seguidos com relação ao dólar, prevendo que são menos que 50% as chances de se deter a sua série de declínio recente. O yen estava cotado a 116,35 atualmente em Tóquio.

A grande experiência de Gyohten foi na sua ativa participação do Acordo de Plaza em 1985, quando as principais economias do mundo ajudaram a substancial valorização do yen, com vistas à ajudar nas correções dos desequilíbrios que ocorriam nos Estados Unidos. O yen apreciou para cerca de 150 dólares no terceiro trimestre de 1986, quando estava em 250 a um ano atrás, em 1985. Ele afirma que este tipo de cooperação internacional já não existe, e o dolar foi desvalorizado recentemente com o a chamada “quantitative easing monetary policy” que inundou o mundo com créditos em dolar.

Como uma reação recente do mercado, tanto os japoneses como também os europeus entraram numa verdadeira guerra cambial para corrigir os excessos com medidas semelhantes, visando a recuperação das suas economias, restabelecendo a competitividade de suas exportações. Na inexistência de um entendimento, mesmo informal, os ajustes acabam sendo mais dolorosos, envolvendo nos últimos dias até o franco suiço.

Estes ajustes acabam sendo mais desgastantes, e se houvesse um mecanismo de entendimento, eles seriam mais harmoniosos, sem criar problemas para outras economicas, como a dos países emergentes.