Janet Yellen na Direção do FED
12 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no site da Bloomberg sobre a gestão de Janet Yellen, capacidade de ouvir os empresários, cautela, experiências passadas
Com sua cautela, Janet Yellen, presidente do FED – Sistema Federal de Reservas dos Estados Unidos, vem se destacando na direção da instituiçã
Janet Yellen destaca-se pela sua competência
Um artigo publicado por Jeff Kearns no site da Bloomberg explica porque Janet Yellen vem conquistando admiração de todos os especialistas no assunto pela competência com que vem dirigindo o FED – Sistema Federal de Reservas, o banco central dos Estados Unidos, que, além da importância para aquele país, desempenha papel fundamental na economia mundial.
Com uma invejável formação acadêmica, ela se formou com a menção de summa cum laude pela Universidade de Brown, doutorou-se pela Universidade de Yale, foi coautora com o marido George Akerlof (Prêmio Nobel de Economia) da pesquisa que mostra que salários mais baixos podem levar ao aumento do desemprego e foi professora do mercado de trabalho na Universidade da Califórnia em Berkeley, antes de ingressar no FED de San Francisco.
Além da natural reserva dela nas meras indicações dos modelos econômicos, também complementa os conhecimentos tradicionais da teoria econômica, como as contribuições de James Tobin, Robert Solow, Paul Samuelson e John Maynard Keynes, com regulares entrevistas com os empresários para as suas avaliações do quadro econômico. A informação é do presidente atual do FED de San Francisco, que foi diretor de pesquisas dela naquela organização.
Isto tem levado sua cautela e maiores acertos do que tradicionais dirigentes do FED nas últimas décadas. Quando todos esperavam que, diante da recuperação econômica incipiente dos Estados Unidos, ela promovesse a elevação dos juros, sua atitude foi de cautela, acreditando que houvesse uma redução das pressões inflacionárias. Isto vem ocorrendo em 2015 ajudado pela redução dos custos da energia naquela economia.
Uma prematura elevação dos juros provocaria um aborto nesta recuperação na economia americana e teria efeitos desastrosos nas economias emergentes como do Brasil, agravando os seus problemas da balança de pagamentos.
Mesmo as previsões de que a elevação da taxa de juros seria recomendável a partir de meados deste ano, tudo indica que não será necessário, se a inflação se mantiver controlada, sabendo-se que neste início do ano parece próxima de zero.
Na realidade, seus acertos nos diagnósticos têm sido superiores aos de seus colegas e antecessores. Quando as economias como a japonesa ou as europeias não conseguem resultados positivos, com uma redução pequena no crescimento da China, o quadro mundial não se mostra favorável para medidas restritivas à recuperação econômica mesmo nos Estados Unidos.
Este hábito de atualizar as informações com os empresários é saudável, pois as análises econômicas podem ter suas limitações. As autoridades monetárias precisam do máximo de informações atualizadas para que suas políticas sejam as mais acertadas possíveis.
Espera se que os exemplos de Janet Yellen ajudem a reduzir as arrogâncias tanto dos colegas economistas que confiam exageradamente nos dados dos seus modelos, bem como nos conhecimentos acadêmicos. Na realidade, informações objetivas do mercado, que muitos empresários têm, podem ajudar na formulação de políticas econômicas mais adequadas.
A humildade dos economistas ajudaria a reduzir os seus erros.