Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Medidas do Banco Central Europeu

22 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: ativação da economia europeia ocupando espaços de outros, aumento das disponibilidades de financiamento dos emergentes, benefícios e problemas

clip_image002Prossegue a guerra cambial mundial, com os europeus procurando ativar sua economia, ainda que com prejuízo de países emergentes.

 

Mario Draghi, do Banco Central Europeu, cauteloso, entra na guerra cambial mundial.

O competente Mario Draghi, atual presidente do Banco Central Europeu, tomando todas as cautelas e respaldos possíveis de outras autoridades europeias, acaba por decidir injetar trilhões de euros, com cerca de 50 bilhões mensais, visando estimular a economia do continente que continou não se recuperando. A chamada “easing quantitative monetary policy” começou nos Estados Unidos, ainda que prejudicando até os seus parceiros, forçando países como o Japão e agora a Comunidade Europeia a seguirem seus passos. Os prejudicados são os demais países, principalmente emergentes como o Brasil, que não contam com moedas de aceitação internacional para tomarem medidas semelhantes.

Ainda que a curto prazo a liquidez internacional permita atender parte das necessidades financeiras de outros países como o Brasil, a medida acaba provocando uma tendência à valorização cambial destes países, que precisam tomar medidas neutralizantes para continuarem competitivos no mercado mundial de exportações e importações. No entanto, os fluxos financeiros internacionais são em volume muito maior que o do comércio, ajudando as instituições financeiras em prejuízo dos que produzem bens que podem ajudar na melhoria do bem-estar da população, criando empregos.

Mario Draghi aguardou muito tempo, na esperança que outras medidas provocassem a recuperação das principais economias europeias, o que não vem acontecendo. Até a Alemanha, que é a principal locomotiva europeia, não consegue, sozinha, puxar os demais países do continente, acabando por ser afetada por outros problemas ideológicos e políticos, como os que se observaram na França de forma mais aguda.

Lamentavelmente, as tendências de restrições às facilidades migratórias sofrem aumento, ao mesmo tempo em que segmentos importantes dos europeus passam a apresentar também restrições de caráter religioso ou étnico, fatos que tendem a se agravar quando as economias não crescem de forma substancial.

Mesmo consciente de que tais artifícios só podem minorar alguns aspectos mais superficiais, Mario Draghi não conta mais com outras alternativas, engajando-se nesta guerra cambial que não proporciona vantagens expressivas para o desenvolvimento global da economia mundial. O que está se provocando é o ganho de alguns, tomando espaços de outros, que também tenderão a reagir com os meios que dispõem, que não são muitos.

O ideal é que houvesse um entendimento mundial procurando corrigir os desequilíbrios gritantes, mas não existem mais nem organismos internacionais para tanto, ou conjunto de países mais poderosos para impor medidas conjuntas. Acabam-se tomando medidas de efeito temporário.

Tudo em economia seria muito fácil se pudesse ser resolvido pela simples ampliação dos créditos promovidos pelas autoridades monetárias. Mas existem restrições físicas que precisam ser removidas, como os aumentos das produtividades com pesquisas adicionais que costumam demandar mais tempo para poder contribuir na melhoria do bem-estar de todos. O mundo está perdendo a capacidade de ter a paciência necessária, e a racionalidade para se convencer que não existem milagres.