Elevação da SELIC Pelo Banco Central do Brasil
30 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: 25%, 5%, efeitos sobre a dívida pública, efeitos sobre o câmbio, elevação de 0, Selic vai a 13
Ainda que muitos analistas concordem com a necessidade de um forte ajuste fiscal, os efeitos da atual política monetária geram algumas dúvidas para muitos, diante dos seus efeitos sobre a dívida pública e sobre o câmbio, e, consequentemente, sobre o nível de atividade da economia.
Banco Central do Brasil eleva Selic para 13,25%
As indicações sobre a elevação das pressões inflacionárias são claras e o Banco Central do Brasil, com o mandato para uma meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional que dificilmente será cumprida em 2015, mesmo considerando a sua margem máxima de variação, acaba provocando uma nova elevação de 0,5% na taxa SELIC para chegar a 13,25%.
Todos sabem que seus efeitos apresentam uma defasagem de muitos meses, mas é previsível que acabam criando mais dificuldades para a manutenção do nível de atividade da economia, ao mesmo tempo em que os custos da dívida pública tendem a se elevar, provocando também uma tendência para a baixa do câmbio.
Se os objetivos macroeconômicos da nova política econômica já exigiam um superávit fiscal para a elevação dos tributos e redução das despesas do governo, combinado com os efeitos da política monetária, aprofundam-se as tendências para a redução do nível de atividade da economia. Com custos financeiros mais elevados, as empresas privadas e os consumidores que já estavam retraídos tendem a adotar atitudes mais conservadoras.
Com estes elevados juros pagos no Brasil, a tendência é para o aumento dos influxos de recursos externos, até porque a economia norte-americana e a do resto do mundo não é brilhante, reduzindo a tendência para o aumento das remessas de recursos para o exterior. Com a valorização do câmbio, as exportações, que criam empregos e rendas no Brasil, ficam mais difíceis, ao mesmo tempo em que as importações que começavam a se reduzir tendem, no mínimo, a ficar no mesmo patamar.
O lamentável é que nada contribui para a elevação dos investimentos indispensáveis para a recuperação da economia, nem para os projetos de infraestrutura para os quais o governo tenta atrair o setor privado. Os recursos provenientes do exterior tendem somente a ficar no setor financeiro sem que estimulem os aumentos físicos das produções, que ficam com custos mais altos e riscos mais elevados.
Naturalmente, as famílias que consomem tendem a ficar mais conservadoras diante do risco de desemprego, não estimulando nem a demanda de bens industriais, produzidos no Brasil como também os importados, ainda que eles tendam a não elevar os seus preços locais.
Tudo indica que os empresários, que já não estavam satisfeitos com os apertos que estão sendo efetuados para o ajuste fiscal, na esperança de recuperação futura, tendem a aumentar a sua insatisfação com o governo. Os assalariados também, pois, além dos riscos da perda do emprego, não visualizam possibilidades para melhorias dos seus salários.
Os únicos que podem ficar em situação não tão ruim são os que vivem de rendas das aplicações financeiras, mas também eles ficam apreensivos com o aumento dos riscos, procurando aplicar nos títulos públicos que consideram mais seguros, mas não tanto.
Tudo indica que a economia brasileira, que já tinha um prazo de recuperação de médio prazo, tenda a deixar dúvidas de quando a recuperação começará. Em muitos países, para se evitar situações semelhantes, as metas inflacionárias são estabelecidas por um conselho mais amplo (no caso brasileiro, só participam os ministros da Fazenda e do Planejamento e o presidente do Banco Central), e as metas estabelecidas para o Banco Central podem incluir considerações sobre o nível de atividade e do emprego, não se restringindo somente à inflação.