As Publicações de Elevada Qualidade do Foreign Affairs
27 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: o caso de uma técnica europeia preservado no Japão., política como outros assuntos, profundidade dos seus artigos, publicações do Council of Foreign Affairs
Na superficialidade atual que predomina no tratamento da maioria dos assuntos, as publicações e os artigos do Council of Foreign Affairs é uma destacada exceção. São profundos e não se restringem aos problemas políticos, mas também aspectos culturais de extrema importância, como expresso pelo fotojornalista Fritz Schumann no “A story of Ink and Steel”, que pode ser acessado no: https://www.foreignaffairs.com/articles/2015-06-25/story-ink-and-steel.
Capa do relatório anual de 2014 do Council of Foreign Affairs, organização norte-americana de respeito com suas publicações
O artigo de Fritz Schumann refere-se ao “collotyping”, que no artigo está descrito “como um processo de impressão de fotografia que está desaparecendo em grande parte do mundo”, inventado em 1856 por Louis-Alphonse Poitevin na França. “As impressões são feitas rolando uma folha de papel sobre uma placa de vidro coberto de gelatina previamente impressa com a imagem em um filme negativo”. “Este processo pode reter detalhes extremamente finos, ao contrário da matriz de ponto usado por impressoras modernas, e as imagens podem ficar afiadas por décadas”. Acaba permitindo imprimir em cores, como as impressões de xilogravura tradicional japonesa, conhecida como ukiyo-e.
Isto lembra os antigos livros diários de contabilidade, que exigiam reproduções de textos e lançamentos escritos que eram copiados por meio destas gelatinas. O estúdio japonês Benrido é um dos que aplicam ainda hoje estas técnicas em reproduções que são utilizadas pela Casa Imperial, inclusive de documentos doados para museus. Osamu Yamamoto de 54 anos está trabalhando com sua esposa há 36 anos com uma máquina gigantesca de aço, que usa graxas para o seu funcionamento.
Entre seus clientes, destacam-se os museus para reproduções de pergaminhos, livros e cartas antigas, considerados de importância nacional. A diminuição de empresas que trabalham com estas técnicas foi decorrente das fotografias. O mesmo aconteceu na Europa, como o Estúdio Leipzig, que encerrou suas operações em 2013. Na Itália, o Fratelli Alinari, de Florença, fechou em 2011, e nos Estados Unidos o Black Box Collotype, perto de Chicago, encerrou seus trabalhos em 2004.
No Japão, restam duas empresas, a Shinyosha, que trabalha somente com preto e branco, e a Benrido, que vem adaptando técnicas provenientes de outros setores, mas suas vendas não continuam bem. Estes tipos de técnicas tradicionais e valiosas só podem ter continuidade com subsídios governamentais.