Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Muitos Temem os Problemas Chineses Mais que os Gregos

16 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as dimensões das economias são diferentes, o volume das importações chinesas., os efeitos sobre a desaceleração da economia

Pelas razões mais variadas, os que operam no mercado financeiro internacional acabam temendo mais os efeitos das quedas de cotações da bolsa chinesa que os problemas criados pela crise grega.

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Os ajustamentos nas cotações da bolsa de Xangai, gráfico que já foi utilizado neste Asiacomentada

Grandes responsáveis por fundos que aplicam volumosos recursos em todo o mundo, como Paul Singer, segundo um artigo publicado no site da Bloomberg, temem mais os efeitos do que está ocorrendo na China do que na Grécia. O mesmo aconteceria com seus colegas, como Bill Ackman e Jeffrey Gundlach. Isto, mesmo que esta cotação de Xangai venha de um crescimento elevado nos últimos meses, e as autoridades chinesas estejam tomando medidas para controlar a sua queda.

As razões para tanto, que também são compartilhadas por Haruhiko Kuroda, presidente do The Bank of Japan, autoridade monetária do Japão, decorrem das dimensões chinesas que são bem superiores às gregas. Parte dos temores é consequência da falta de maior transparência das informações chinesas, ao lado da existência de um sistema bancário que chamam de sombra na China, ou algo paralelo ao oficial.

Muitos temem uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa, que reduziria suas importações de muitos produtos de outras economias, com baixas nos seus preços e nas quantidades. Isto já está acontecendo com minérios de ferro brasileiros destinados àquela economia, uma grande importadora do Brasil. Algo semelhante pode ocorrer até com produtos agropecuários brasileiros.

Portanto, não seriam somente as perdas que estão ocorrendo no mercado financeiro que até agora não foram grandes, mas muitas ações que estavam listadas em Xangai foram retiradas do mercado pelas autoridades chinesas. O que não fica claro é o que estas autoridades continuarão a fazer.

Evidentemente, muitos fundos já acusaram reduções nas suas remunerações que obtinham na China, que eram reconhecidamente especulativas e não tinham possibilidade de sustentação por um longo período e de forma estável.

No mundo que está conturbado, tanto do ponto de vista econômico como político, a China desempenha um papel importante e crescente, e o seu vigor nos últimos anos conseguiu influenciar muitas outras economias de forma positiva. Agora, todos acreditam que haverá necessidade de ajustamentos significativos, aumentando os riscos em todo o mundo, como pode se observar com a fuga para aplicações mais seguras, que estão valorizando o câmbio relacionado com o dólar norte-americano.

O problema é que, do lado real da economia, tanto o aumento das incertezas como das importações chinesas acabam afetando a todos, não criando um clima favorável para a recuperação que começava a se esboçar, a partir dos Estados Unidos.