As Eleições Argentinas
27 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: o que já foi decidido no primeiro turno., resultados que não poderiam surpreender, segundo turno
O surpreendente no primeiro turno das eleições na Argentina é que a imprensa não aguardava os resultados obtidos. O candidato governista ficou com 36,86% quando necessitava no mínimo de 40%, e o segundo colocado ficou muito próximo com 34,33%. Na Câmara, o avanço da oposição já foi consolidado.
Governadora eleita da Província de Buenos Aires e o candidato no segundo turno para a Presidência da Argentina, Maurício Macri
No quadro econômico desfavorável no qual se encontra a Argentina, como em muitos países do mundo, nada mais razoável que as bandeiras pelas mudanças sejam muito fortes, apesar da longa tradição do kirchnerismo que se seguiu ao peronismo.
Na Câmara, a oposição conseguiu um crescimento de cerca de 50% com prejuízo da atual base governista, inclusive com a vitória da governadora Maria Eugenia Vidal na província de Buenos Aires, tradicionalmente importante na Argentina, e onde estão 37% dos eleitores daquele país. No segundo turno a ser realizado no próximo dia 22 de novembro, tudo indica que as possibilidades de mudanças são mais expressivas.
É claro que o segundo turno é sempre uma nova eleição, dependendo da capacidade dos dois candidatos, Daniel Scioli e Mauricio Magri, de não só conseguirem o apoio dos derrotados, como das mensagens transmitidas para os eleitores.
Do ponto de vista dos interesses brasileiros, a atual situação vinha procurando entendimentos com o Brasil, que continua sendo um dos mais importantes parceiros comerciais, inclusive no problemático Mercosul, que conta com restrições de muitos investidores estrangeiros. Os interesses comerciais brasileiros têm sido atingidos pelos recentes governos argentinos que não respeitam as regras de componentes locais para as produções que enviam ao Brasil dentro do entendimento do Mercosul.
Do ponto de vista político, o Brasil não deve se imiscuir com as eleições argentinas, ficando no máximo na torcida. Mas uma vitória da oposição naquele país vizinho terá repercussões na América do Sul, onde diversos países também passam por agudas dificuldades, notadamente o Brasil, que tende a seguir os mesmos passos, mesmo não tendo ainda um candidato oposicionista que se destaque de forma incontestável.
Também se observa na Argentina, de forma rara, uma grande divisão entre diversas correntes políticas nas várias províncias, mostrando que já não perdura a tradicional polarização entre a situação, representada pelos peronistas/kirchneristas, com a sua oposição. O mundo tende a ficar cada vez mais complexo.