Desaceleração Desigual na China
4 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a classe média resiste melhor, as multinacionais do setor de consumo menos afetados pela desaceleração, diferenças entre os setores e regiões.
Em qualquer economia, os impactos das acelerações e das desacelerações costumam ser diferenciadas, tanto pelos setores como pelas regiões. Um artigo de Laurie Burkitt, do The Wall Street Journal, sobre o assunto foi publicado em português pelo Valor Econômico, procurando mostrar que as multinacionais do setor de consumo estão sendo menos afetados pela atual redução do crescimento da economia chinesa.
Tudo indica que os setores básicos e os relacionados com a infraestrutura foram mais afetados, onde as estatais e as autoridades regionais contam com maior importância. Todos reconhecem que a distribuição de renda na China tem piorado como costuma acontecer em qualquer economia que passa por um período de acentuado crescimento econômico, sendo que a classe média chinesa conseguiu um bom nível de bem estar, aumentando, por exemplo, o turismo para o exterior, notadamente o Japão que fica relativamente próximo. O tráfego aéreo na China vem crescendo de forma constante bem como as receitas das bilheterias dos cinemas, não parecendo que tenham sido afetados até o momento.
Ilustração constante no Valor Econômico na dimensão que permite a sua leitura
Também é possível que as multinacionais estrangeiras que fizeram investimentos na China se interessaram somente por parte da economia chinesa, aquela que passou por uma forte ascensão social nas últimas décadas. O artigo cita como vencedores a Nike, a Starbucks, a EM, a Apple e a IMAX, entre outras. Nem todos os chineses que melhoraram de situação ainda estão sendo atendidos plenamente por estas empresas multinacionais.
As desacelerações parecem estar afetando as indústrias básicas como as siderurgias que atendiam a construção civil e a implantação da infraestrutura. Também as autoridades locais estavam fazendo investimentos em habitações e rodovias, utilizando terrenos que passaram dos destinos agrícolas para os urbanos ou regionais. As estatais chinesas estão precisando se adaptar à nova situação com urgência.
Os jovens que estão aproveitando suas capacitações para as novas atividades empresariais na China parecem estar sendo beneficiados, enquanto os idosos e os obrigados a permanecer no meio rural estariam sendo prejudicados. Existe também uma redução da demanda de recursos humanos de baixa qualificação na construção civil.
Estes efeitos se observam na maioria das economias, sendo que na China, com uma presença estatal mais acentuada, os problemas podem ser retardados em alguns setores como regiões. No entanto, a não ser que ocorram reformas substanciais, mesmo o setor público não pode continuar a sustentar estas áreas, que acabam sendo deficitárias por muito tempo.