Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Riscos do MRJ da Mitsubishi

16 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Asahi Shimbun, competição com a Embraer brasileira, um modelo com os primeiros voos

clip_image001São os japoneses que se mostram cautelosos com o novo avião MRJ produzido pela Mitsubishi, conforme o artigo publicado no Asahi Shimbun, elaborado por Ryo Inoue e Tsuyoshi Suzuki.

O MRJ que efetuou o voo de teste, mas ainda corre o risco diante do atraso de quatro anos na sua produção

Sabe-se que a competitiva indústria de aeronaves no mundo conta com a Boeing e a Airbus produzindo grandes modelos. Nas destinadas à média distância, compete à Bombardier canadense e à Embraer brasileira, e estão chegando a MRJ dos japoneses e os ARJ dos chineses.

O artigo informa que a consolidação da MRJ da Mitsubishi é crucial para os japoneses, que já recebeu 400 encomendas para o modelo. Como é sabido, ela produzia o caça Zero durante a Segunda Guerra Mundial, e os japoneses tiveram dificuldades com o seu YS-11 produzido por onze anos.

A indústria aeronáutica trabalha com prazos longos, no mínimo de 20 anos, e mesmo que os testes tenham ocorrido com sucesso, ainda necessitam de comprovações no mercado que evolui para tecnologias novas muito rapidamente. No caso da Embraer, existem muitas gerações de novos modelos, principalmente os executivos e militares que estão sempre em pauta visando o futuro. Há uma globalização e tanto os brasileiros como os japoneses são fornecedores de componentes para a Boeing, principalmente.

A Embraer atua junto com grandes fornecedores mundiais de partes de um modelo, tendo desenvolvido uma especial qualificação para trabalhar com grupos internacionais com habilidades em suas especialidades. Os japoneses tendem a contar com poucos fornecedores e parceiros visando o desenvolvimento próprio das tecnologias.

O tempo é estratégico na obtenção de bons resultados, e o atraso de quatro anos da Mitsubishi eliminou suas possíveis vantagens com relação à Embraer. Há que se considerarem as eficiências nos usos dos combustíveis, cujo custo está baixo no momento. O artigo aponta também os problemas de recursos humanos no Japão.

Há, portanto, muitos fatores ainda não definidos, sabendo-se que a Kawasaki não conseguiu superar suas dificuldades no setor aeronáutico. As possibilidades de ajudas governamentais acabam sendo limitadas, quando o modelo não consegue resultados no mercado.