Valor Econômico e os Novos Chefs Brasileiros
22 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: ampliação dos grupos dominantes., aproveitamento de componentes locais, extraordinário interesse pela culinária, um artigo de Juliana Bianchi no Valor Econômico
Processa-se no mundo um interesse maior pela gastronomia, como fica claro com a difusão de conhecimentos especializados pelos mais variados meios de comunicação. Isto ocorre também no Brasil, que conta com ampla biodiversidade agora mais conhecida pelos brasileiros.
Interesse internacional sobre a gastronomia brasileira, numa exposição que apresentava as possibilidades da Amazônia
O artigo de Juliana Bianchi publicado no Valor Econômico informa que veteranos como Alex Atala, Claude Troisgros e Laureent Soudeau também participaram da enquete para apontar os novos valores que estão surgindo entre chefs no Brassil, destacando os que atuam em regiões pouco tradicionais na gastronomia, como na Amazônia ou no Nordeste brasileiro.
Um dos mais lembrados foi o chef catarinense Felipe Schaedler, que comanda o restaurante Banzeiro em Manaus utilizando matérias-primas da Amazônia, como o pirarucu, tambaqui, açaí, cupuaçu, ária e outros poucos conhecidas no resto do país. Outro seria o chef carioca Rafa Costa e Silva, do restaurante Lasai, com cheviche de mate quente, charuto de couve com berinjela, rica e mel. Rodolfo De Santis, do Nino Cucina de São Paulo, com clássicos italianos com novas leituras.
A chef Bárbara Verzola, do restaurante Soeta de Vitória, ressalta os sabores mais do que conceitos. Em São Paulo, destacam-se Alberto Landgraf, do Epice, como Caio Ottoboni, do Oui, alguns procurando estrelas do Michelin, que são mais destinados aos turistas e valorizam exageradamente as dependências do que as cozinhas. De Curitiba, a chef Mana Buffara, que costuma descrever as histórias dos ingredientes locais. De Brasília, a chef Lui Veronese, do Balcão Cru Criativo, com influências da moderna cozinha espanhola. De Minas Gerais, Felipe Rameh e Fred Trindade atuam juntos no Trindade, destacando ingredientes locais. Também de Minas, em Tiradentes, Rodolfo Mayer, do Angatu, apresenta a cozinha contemporânea brasileira.
Do nordeste, a chef Claudia Luna, do La Luna, usa o ossobuco, André Saburó, do Quina do Futuro, vem mostrando peixes. O chef Onildo Rocha do Roccia, de João Pessoa, e de Maceió, o chef Jonas Moreira. Muitos deles se tornaram conhecidos pelas participações em eventos nacionais, ou pelas visitas de chefs consagrados pelas regiões, mostrando o elevado potencial da biodiversidade brasileira.
Espera-se que muitos deles, que já fizeram cursos no exterior com chefs famosos, acabem consolidando seus próprios estilos ao longo do tempo, ainda que criando também novos pratos. Que tudo isto não seja uma onda passageira, pois o país dispõe de uma ampla biodiversidade ainda pouco conhecida no exterior.