Os Muitos Assustadores Problemas do Zika Virus
5 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: a assistência indispensável, suplemento especial da Folha de S.Paulo, um combate eficiente., uma emergência mundial declarada pela OMS | 2 Comentários »
A Folha de S.Paulo publicou um suplemento especial sobre o zika vírus que deveria ser leitura obrigatória não só dos brasileiros como da população mundial, pois a Organização Mundial da Saúde declarou que se trata de uma emergência mundial.
Capa do suplemento especial da Folha de S.Paulo, que causa forte impacto aos leitores, pois apresenta uma mãe com sua filha afetada pela microcefalia
O mundo nunca enfrentou uma doença como o zika vírus que se espalha com tanta velocidade, chegando até aos países desenvolvidos fora da região tropical. O Brasil e todos os brasileiros precisam proporcionar uma adequada assistência para as mães que estão suportando crianças com microcefalia, quando até muitos dos seus maridos e companheiros as estão abandonando, como noticiado pela imprensa. As paróquias de todas as religiões precisam, como sempre fizeram, dar o suporte que não é proporcionado pelas entidades governamentais às mães, pois elas precisam da assistência psicológica para suportar todas as suas angustiantes situações, além da médica para suas crianças. A experiência vem demonstrando que somente pessoas imbuídas de um sentimento religioso estão habilitadas a dar uma assistência eficiente desta natureza.
Já se publicou uma matéria mostrando o caso de uma moça microcefalia. Ela superou suas limitações e está levando uma vida quase normal, apesar de suas dificuldades. É evidente que, quando possível, a gravidez deve ser evitada nas regiões críticas. Mas, muito além da multiplicação do Aedes aegypti, não se conhece as mutações que estão sendo processadas, chegando-se até a suspeita que estas moléstias podem ser transmitidas até pelos atos sexuais. A humanidade precisa de muitas pesquisas sistemáticas para chegar a um quadro de conhecimentos razoáveis, que tendem a ir evoluindo com o tempo.
Estão se cogitando de combates biológicos com a propagação de insetos que inibam a sua multiplicação, que vem se revelando eficientes em outros casos similares. O que for possível deve ser tentando até com o uso do poder militar, como começa a ser feito no Brasil.
As situações críticas são as mais variadas, da África, das Américas, chegando à Ásia e até as Polinésias, como também na Europa, tendendo a atingir mais fortemente os mais pobres e desinformados. Ninguém está livre de ser infectado, com consequências mais graves para as grávidas, podendo ser até leves para alguns. O quadro de conhecimento ainda não está completo e muitos levantamentos terão que ser efetuados.
No Nordeste brasileiro estão sendo registradas as maiores incidências da microcefalia, onde as assistências médicas são mais precárias, como colocado no artigo elaborado por Patrícia Campos Mello, enviada para Serra Talhada, no Pernambuco. Ainda que seja desejável que as crianças com suspeitas sejam atendidas por neuropediatras, na atual emergência todos os profissionais de medicina precisam ser informados sobre as medidas mínimas a serem tomadas, independente de suas especializações, e ainda que estejam sobrecarregados com outros atendimentos. A leitura do seu artigo é comovente.
Num artigo elaborado por Cláudia Collucci constata-se a precariedade do atual conhecimento, sendo que a comprovação da microcefalia só pode ocorrer, de forma segura com o ultrassom morfológico depois da 28º semana de gestação, sendo que muitas grávidas acabam recorrendo até ao aborto ilegal.
O suplemento dá um panorama geral do que se conhece hoje do problema, no Brasil como no mundo, bem como o que deve ser de conhecimento de toda a população. Apresentado de forma didática, fala também de outras moléstias como a dengue e a chikungunya, e até a síndrome de Guillan-Barré que ataca os nervos periféricos, mas muitas informações ainda dependem da ampliação dos conhecimentos científicos. O terrível é que cerca de 80% dos casos dos infectados são assintomáticos, não apresentando as características que são mais conhecidas.
Suspeita-se que os que contraíram a infecção devem estar protegidos para novos problemas, mas como são mais que uma doença, não há como se garantir, inclusive com suas evoluções. Os casos confirmados de zika vírus no Brasil já chegam a 404, mas existem mais de 4.783 suspeitos em fins de janeiro, fora os que não foram notificados.
Ainda que estes assuntos não sejam agradáveis de serem lidos, parece que seria da maior utilidade que toda a população brasileira conhecesse o mínimo destas atuais informações disponíveis. É um grande serviço que a Folha de S.Paulo está prestando.
Esse assunto de Zika virus e outras doenças … lembra com muita semelhança o pensamento do povo vigente como acontecia nos tempos biblicos com a propagação misteriosa de “certas pragas “. Pois que hoje , com a tecnologia existente ( onde alguns países estão enviando astronaves com controle remoto etc )
o homem não consegue dizimar os mosquetinhos que estão passeando na frente do nosso nariz , me faz pensar que há uma grande discordância entre o que se sabe e o que pretende fazer…
Cara Setsuko Watanabe,
Obrigado pelo seu comentário. Uma das dificuldades é que estes e outros vírus evoluem rapidamente, ajustando-se ao meio ambiente, ficando muitas vezes resistentes aos medicamentos que os procuram controla-los, mais depressa que as técnicas para o seu controle. Temos que aprender a combater mais rapidamente, e muitas pessoas de países desenvolvidos acabam ficando mais vulneráveis as infecções mais banais, dado o uso de poderosos medicamentos. É preciso continuar lutando de forma mais eficiente, estimulando o próprio corpo humano a criar suas resistências.
Paulo Yokota