Os Novos Dirigentes do Banco Central do Brasil
15 de junho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: além dos aspectos monetários e inflacionários, as funções do Banco Central, o exemplo do FED norte-americano, papel mais amplo do crédito
Compreende-se que as funções do Banco Central do Brasil vão se aperfeiçoando, mas parece que na atual estruturação do governo federal na execução da política econômica deste governo ainda interino de Michel Temer poderia se cogitar de funções mais amplas que a do controle monetário e inflacionário, pois o crédito abrange outros setores da economia.
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Foram confirmados nos seus cargos alguns diretores do Banco Central e os novos indicados, ainda sujeitos à aprovação no Senado Federal. São nomes de funcionários da instituição ou acadêmicos conhecidos por seus currículos, mostrando que estão qualificados para as suas elevadas funções. Quando se observa o que acontece hoje no FED norte-americano, que inspirou os Bancos Centrais de todo o mundo e onde estivemos estudando antes de ocupar a posição de diretor do BC, nota-se que a presidente Janet Yellen toma todas as cautelas na possível elevação da taxa de juros no futuro, pois as atividades econômicas naquele país não estão tão consolidadas na recuperação, havendo também pequenos sinais que o emprego corre o risco de se estabilizar. A economia norte-americana, como a brasileira, apresenta diferenças por setores e regiões, fazendo com que no FED estejam também dirigentes de instituições monetárias regionais.
O chamado Livro Beje que orienta as decisões dos seus membros, onde a taxa de juros é fundamental, inclui informações sobre os indicadores antecedentes bem como uma ampla gama de informações que não se resumem nos dados monetários e inflacionários, com diferenças regionais e setoriais. No Brasil, as informações sobre o setor industrial e agrícola, no mínimo, deveriam ser levadas em alta consideração, pois continuam sendo sustentáculos da economia brasileira.
Houve períodos quando o Conselho Monetário Nacional incluía também os ministros da Agricultura e da Indústria e Comércio, além de muitos outros, inclusive diretores do Banco Central. Hoje, este Conselho está reduzido ao ministro da Fazenda, presidente do Banco Central por ele indicado e o ministro do Planejamento, o que não caracteriza um verdadeiro conselho, e as reuniões fundamentais podem ser feitas pelo telefone, decidindo sobre as metas inflacionárias e outras orientações a serem perseguidas pelas autoridades monetárias.
No Japão, por exemplo, este tipo de conselho conta com um representante do setor privado. Mesmo que não seja muito amplo, parece conveniente que autoridades com os pés de barros das fazendas ou pisem o chão de fábrica também participem desta organização, pois muitas das informações fornecidas pelo sistema bancário e outros órgãos costumam estar defasadas, servindo para o passado. A política monetária e creditícia deve visar o que vai acontecer no futuro, na nossa modesta opinião.