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Solução Natural Para a Usiminas

1 de junho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: ainda que tardias, formas atuais das soluções cogitadas, não se pode sacrificar mais as atividades instaladas, profusão de complicações

imageA associação dos grandes sócios estrangeiros da Usiminas, a japonesa Nippon Steel e a argentina Ternium, sempre foi problemática, ainda que decorrente de uma experiência bem-sucedida no México. A Usiminas, apesar de ser considerada um sucesso, sempre enfrentou dificuldades, desde quando era uma estatal, numa joint venture nipo-brasileira.

Planta da Usiminas em Ipatinga, MG

A história da Usiminas sempre foi complicada. Ela começou como uma estatal, onde o governo brasileiro dispunha de 60% e uma holding Nippon Usiminas dispunha de 40% das ações, fornecendo também a tecnologia que os brasileiros não tinham oriunda da Nippon Steel, uma fusão das siderurgias Yawata com a Fuji. Era na época em que a Japan Inc. funcionava vigorosamente, com o Japão se recuperando dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, quase de forma considerada milagrosa.

Como em muitos empreendimentos de peso dos japoneses, eles organizaram a empresa holding que recorria a empréstimos contraídos na agência de desenvolvimento japonês com participação privada, que seriam renovados com o sucesso do empreendimento, cujos resultados arcavam com os custos dos juros, ainda num período quando a economia brasileira apresentava muitos problemas.

As dificuldades do projeto levaram à ampliação dos recursos públicos brasileiros no capital da Usiminas, quando os japoneses ficaram reduzidos a pouco mais de 12%, não podendo acompanhar estas necessidades, mesmo tendo de fornecer as tecnologias consideradas caras pelos brasileiros. Estas decorriam da experiência que o empreendimento acumulava, além de provenientes de outros países, pois os métodos japoneses apresentavam problemas de serem adaptadas à realidade brasileira. Ainda assim, para efeito da opinião pública, a Usiminas era considerada um dos maiores sucessos do intercâmbio nipo-brasileiro.

Com as dificuldades do governo brasileiro ao longo do tempo, estes tipos de projetos industriais foram privatizados, o que aconteceu também com a gigantesca Cosipa incorporada à Usiminas.

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Planta da Usiminas em Cosipa

Todos se queixavam, mas a Usiminas continuou contando com uma equipe própria que veio mantendo o projeto aos trancos e barrancos. Quando as siderurgias brasileiras passaram por dificuldades, a Nippon Steel, que tinha uma joint venture de sucesso no México com Ternium, convenceu seus sócios a aportarem recursos neste empreendimento no Brasil.

No entanto, como muitas grandes empresas japonesas, seus funcionários se comportavam como os burocratas públicos sem se sensibilizarem com os problemas locais ou dos seus sócios. Quando a China e suas siderurgias se tornaram importantes no mundo, a Usiminas deixou de ser um empreendimento rentável e o acordo entre os dois grandes grupos enfrentou dificuldades de toda sorte, que foram se agravando a ponto de não haver condições para a sua sustentabilidade. Passaram a contar com a CSN, também uma siderúrgica brasileira tradicional, administrada pelo grupo Vicunha, que veio do setor têxtil e pretende tirar partido de ser brasileiro no setor de siderurgias e atividades de seu suporte.

Parece natural que os dois grupos estrangeiros acabem se separando, e a possibilidade é que a Usiminas de Ipatinga fique com o grupo japonês e a Usiminas de Cosipa com os argentinos, que claramente possuem culturas empresariais diferentes. Muitas mudanças terão que ser introduzidas para que as siderurgias brasileiras possam competir com os chineses, que ainda possuem uma grande capacidade ociosa.