Lições da Olimpíada Rio 2016
22 de agosto de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: discursos e realidades, diversidade, próxima Olimpíada Tokyo 2020, refugiados, terminou sem graves problemas | 4 Comentários »
Sem a ocorrência de muitos temidos problemas como a zika, terrorismos e outros de vulto, concluiu-se a Olimpíada Rio 2016 com resultados que devem ser creditados aos seus organizadores e com lições importantes para o Brasil e para o mundo.
A governadora de Tokyo, Yuriko Koike, recebe a bandeira Olímpica para a Tokyo 2020
Muitos temiam que a Olimpíada Rio 2016 apresentasse problemas graves que poderiam comprometer a imagem internacional do Brasil. Mas, contrariando o pessimismo reinante, existem fatos comprovando que muitos resultados positivos podem ser creditados. Apesar das limitações políticas e econômicas, constatou-se que o povo brasileiro foi considerado no geral como hospitaleiro, alegre e capaz de realizar um evento de envergadura com algumas marcas que servem de lições para os brasileiros e para o mundo. As falhas foram pontuais, evitáveis, mas não seria possível exigir mais dos brasileiros acostumados aos improvisos de última hora. Os pequenos roubos foram elevados, mas muitos estrangeiros e turistas brasileiros estavam avisados destes lamentáveis riscos.
Mostrou-se que o esporte é um meio eficaz para promover a solidariedade mundial, com muita diversidade que era um grande objetivo perseguido. Marco inegável é que os refugiados foram reconhecidos num país aberto para acolhê-los, apesar de suas dificuldades internas. Muitos atletas de origens humildes foram capazes de conquistarem medalhas expressivas e houve uma diversificação tanto das modalidades esportivas reconhecidas como de países modestos que mostraram suas potencialidades. Continuam havendo muitos aperfeiçoamentos nos esportes e aqueles que não acompanharem as evoluções recentes acabarão sendo superados. Veteranos e jovens mostram que já há formas de aproveitar suas qualificações. Há possibilidades de realizar eventos com custos baratos e muita criatividade, o que autoridades japonesas estão pensando em adaptar para Tokyo 2020.
Os problemas ambientais ficaram nos discursos, mas espera-se que também avanços sejam obtidos na dura realidade. Como a natureza ajuda o Rio de Janeiro com sua visão que impressiona brasileiros e estrangeiros, nem sempre se cuida do cotidiano que merece maior atenção e exige um esforço sistemático. Num país privilegiado pelo sol e pelos ventos, não se conseguiu demonstrar que está se fazendo um esforço para evitar energias poluentes bem como problemas com os lixos.
Do ponto de vista político, as plateias demonstraram os seus anseios em manifestar suas opiniões, ainda que carregadas de emoções e nem sempre racionais. Ainda que alguns atletas aleguem terem sido prejudicados em suas concentrações, esta passa a ser uma realidade que não pode mais ser ignorada. Lamenta-se que o presidente interino do Brasil, que alegava não temer as vaias, não tenha comparecido ao encerramento deixando o mandatário máximo do governo japonês sem uma contrapartida, numa situação constrangedora.
As atividades políticas internas não foram suspensas, continuando com seus processos, ainda que a mídia internacional estivesse presente no país, mesmo com atenção voltada para os esportes. Também as discussões de política econômica mantiveram o seu ritmo. Poucos países conseguem cuidar de tantos problemas simultaneamente e, agora terminada a Olimpíada Rio 2016, volta-se a focar os problemas internos.
Os esportes estão mostrando que são as atividades culturais mais democráticas e ainda que os países mais desenvolvidos sejam capazes de pesados investimentos na área, muitos talentos demonstraram que possuem meios para se destacarem. E eles são reconhecidos pela população brasileira e expressaram seus reconhecimentos, surpresos com os prestígios com que contam.
As naturais rivalidades sempre existem, mas foram controlados ao nível do aceitável. Os juízes humanos estão sujeitos a erros, mas aperfeiçoamentos eletrônicos foram acrescentados para corrigir alguns, processo que tende a se ampliar para maior justiça esportiva.
Carnaval no encerramento da Olimpíada Rio 2016.
Como brasileiro, verificar que todos os povos desejam expressar suas alegrias como o encerramento da Olimpíada Rio 2016 é gratificante. E nada mais adequado que um Carnaval, mesmo com chuva e ventos. Acredito que são sinceras as palavras de autoridades japonesas quando afirmam que desejam absorver as lições, porque em matéria de festa relativamente barata os brasileiros superam em muito os japoneses, haja visto o Carnaval em Tokyo que já é tradicional.
O Japão pode fazer um evento (Jogos Olímpicos) com mais tecnologia, mas, com certeza, faltará o calor humano dos brasileiros.
Cara Ludmilla,
Obrigado pelo comentário. Certamente somos um povo com muito calor humano.
Paulo Yokota
Não tem para ninguém! Brasil!
Caro Juliano Moreira,
Obrigado pelo seu comentário. Não exageremos na nossa justa euforia.
Paulo Yokota