Toyota no Brasil Antes Tarde do que Nunca
23 de agosto de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: centro de pesquisa da Toyota no Brasil, cerca de 60 após o início de sua produção no país, veículos adaptados às condições locais | 9 Comentários »
Poderia se afirmar que a Toyota começa as operações de pesquisa no Brasil depois de cerca de 60 anos do início da fabricação de veículos no país. Antes tarde do que nunca, depois de tantos desacertos, pois deveriam estar produzindo tanto quanto as outras indústrias que se instalaram na mesma época no Brasil.
Os primeiros veículos da Toyota produzidos no Brasil, usando o motor da Mercedez Benz
Quando o governo Juscelino Kubitschek começou a estimular a instalação das indústrias automobilísticas no Brasil, a Toyota começou a montar seus veículos no bairro de Ipiranga, em São Paulo, produzindo um que era adequado ao meio rural brasileiro, utilizando o motor da Mercedes Benz. Ficou somente nestes veículos e uma van para transporte urbano, sem perceber que o Brasil e a América do Sul eram um bom mercado para estes e outros seus produtos. Quando perguntei a um diretor superintendente responsável pela parte tecnológica da Toyota no mundo, ele me informou que era incapaz de produzir veículos em cima de motores dos outros e o Brasil não apresentava ainda um mercado suficiente para comportar a produção dos seus motores localmente. A Toyota entendia que o mínimo para os estimular seria algo em torno de 400 mil veículos por ano, dimensão que não possui até hoje, quando seus concorrentes estão em níveis três vezes mais elevados.
Como tinham outros mercados externos promissores para os seus veículos, como os Estados Unidos ou a Austrália, não tiveram a coragem de investir para competir com outros produtores mundiais norte-americanos e europeus que se instalaram no Brasil. Mesmo quando o Brasil passou a produzir os chamados modelos mundiais para exportação, já na década dos anos 1970 e 1980, quando outras vieram a se instalar no país, a Toyota continuou com uma produção que não lhe proporcionava escala para se tornar competitiva.
Quando o Brasil começou a utilizar o etanol como combustível, a tecnologia básica para tanto era alemã. Os japoneses caminharam no sentido de veículos que utilizavam gasolina e eventualmente eletricidade. Os seus veículos que utilizam etanol simplesmente ou combinado com a gasolina não são competitivos, ainda que tenham a fama de serem duráveis e exigirem pouco para a sua manutenção quando comparados com os dos seus concorrentes. Ainda existem Bandeirantes girando pelo Brasil com mais de um milhão de quilômetros rodados, em estradas rurais precárias. Hoje, mesmo nos centros urbanos notam-se muitos veículos off road, adequados para o meio rural.
A Toyota não foi feliz na escolha dos seus executivos para atuar no Brasil. Os mais qualificados permaneciam no Japão ou foram para países que apresentavam mercados mais atraentes, restando muitos burocratas acomodados em fim de carreira para virem ao Brasil.
Com o aumento de executivos não japoneses, começa a se vislumbrar a possibilidade de novos avanços no Brasil e, para tanto, um centro de pesquisas é fundamental. Não se pode simplesmente adaptar modelos já obsoletos no Japão para o mercado brasileiro. A América do Sul exige modelos especialmente criados para as condições regionais de combustíveis de baixa qualidade, fornecedores que não são os mais qualificados no mundo, estradas precárias e outras condições que precisam ser enfrentadas de frente.
Espera-se que a instalação do centro de pesquisas, ainda em dimensão limitada, seja o começo da mudança de sua atitude com relação ao Brasil. Os países emergentes, como do Sudeste Asiático, também necessitam de modelos adequados para suas particulares condições, com veículos robustos e de baixo custo, mesmo com potências mais modestas e sem o nível de sofisticação dos mercados dos países desenvolvidos, onde o meio rural continua sendo importante.
O povo brasileiro deveria boicotar a Toyota, a Ford, a Renault, a VW, a Kia, a Fiat etc. Se tivessem feito isso antes, a Gurgel e a Puma estaria brigando de igual para igual com a Honda, a GM, a Peugeot, a BMW, a Hyundai etc.
Caro Lenilson,
Não acredito que boicotar produtos estrangeiros seja a forma mais adequada. Precisamos ter capacidade para competir com eles.
Paulo Yokota
Dr Yokota
Realmente incompreensível, pois deste esse tempo todo somente 2 modelos.
E ainda descontinuaram o “Jeep” em vez de continuarem inovando como fazem com os modelos anualmente.
No Japão a Toyota tem similares ao “Jeep Toyota ”
Sao fantásticos.
Eu também não entendo porque não produzem Vans que sao de uso misto.
No Japão a Suzuki tem vagon
Caro Yoshio Hirata,
Obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota
Dr Yokota
Realmente incompreensível , pois desde esse tempo todo somente 2 modelos.
E ainda descontinuaram o “Jeep” em vez de continuarem inovando como fazem com os modelos anualmente.
No Japão a Toyota tem similares ao “Jeep Toyota ” e hoje esta na moda com Jeep Fiat .
Sao fantásticos.
Eu também não entendo porque não produzem Vans que sao de uso misto.
No Japão a Suzuki tem Modelo Vagon R
segundo o conceito do executivo que idealizou o modelo veio da utilidade mista da Míni Van. (ter dois carros em um)
Inclusive nos EUA sao veículos que mais tem.
A meu ver, o grande erro da Toyota foi não ter feito o Bandeirante acompanhar as evoluções da linha mundial do LandCruiser, como por exemplo a série 70 que chegou a ser produzida na Venezuela e permanece em linha na África do Sul e em Portugal (nesse caso só para exportação). Apesar de ser um modelo de boa qualidade, estava um tanto obsoleto diante da concorrência no final da década de ’90. Outro erro que eu reputo grave foi não ter trazido oficialmente a van HiAce para o mercado brasileiro, embora até uns 7 anos atrás eu ainda tenha visto alguns exemplares da 4ª geração importados de forma independente em Manaus.
Caro Daniel Girald,
Também tenho opinião semelhante.
Paulo Yokota
Em que pesem algumas diferenças bastante evidentes entre as vans japonesas e as concorrentes com uma concepção européia hoje predominantes no mercado brasileiro, realmente me espanta que a Toyota aparentemente nem cogite trazer a atual geração da HiAce de forma oficial como já faz em alguns países vizinhos. Além da tradição da marca Toyota certamente atrair uma parte do público, a configuração do posto de condução avançado proporciona um melhor aproveitamento de espaço e até favorece a manobrabilidade em espaços mais confinados levando-se em conta que frequentemente está associada a uma distância entre-eixos menor.
No tocante a utilitários off-road, a tentativa de redirecionar o antigo público-alvo do Bandeirante para a Hilux me pareceu incoerente por ignorar algumas condições muito específicas do segmento dos jipes como a preferência de alguns operadores ainda recair sobre o eixo dianteiro rígido ao invés da suspensão independente. Tanto que as gerações do LandCruiser hoje em produção no exterior tem a clara distinção entre a série 70 que é mais direcionada a esse público conservador e outras séries com uma ênfase maior em luxo e conforto.
Caro Daniel Girald,
Obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota