Dificuldades de Adaptação da Imprensa Mundial
24 de outubro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo da ombudsman da Folha de S.Paulo, dificuldades no mundo, economias de aglomeração, estabelecimento de acordos
Paula Cesarino Costa, ombudsman da Folha de S.Paulo, apresenta na sua coluna o problema enfrentado pela imprensa mundial com a redução dos anúncios publicitários.
The Wall Street Journal, jornal de maior tiragem nos Estados Unidos, passa por reformulação, como o The New York Times e o El País, entre outros
A autora refere-se também aos principais jornais do Brasil, todos passando por um período no qual os jornais impressos sofrem diminuição dos seus leitores e das publicidades, sofrendo forte concorrência dos meios eletrônicos, que ainda acaba provocando as reduções da sua dimensão, dos seus suplementos e contração das equipes voltadas à produção das notícias e editoriais. O fenômeno é mundial e exige muita criatividade para se manter o mínimo de qualidade nas informações para o público, pois se trata de um instrumento fundamental para a manutenção da democracia.
Todos os veículos estão fazendo o que podem, ainda sem grandes resultados práticos. Em economia, afirma-se que existem dois aspectos a serem considerados, as economias de escala e de aglomeração, que estão sendo tentados em muitos casos. Dentro de um quadro econômico recessivo, a escala pode ser alcançada pela fusão de alguns organismos, mesmo com resistências para tanto, mas que acabam sendo inevitáveis diante da possibilidade de encerramento de muitas atividades.
Outro seria a economia de aglomeração, quando numa plataforma única diversos meios, inclusive televisivos, de radiodifusão e eletrônicos, acabam aproveitando os trabalhos de um grupo de jornalistas. Existem aspectos que hoje dificultam estas aglomerações, inclusive do ponto de vista legal, mas as autoridades necessitam ser pragmáticas para a sobrevivência da democracia, introduzindo mudanças que não impliquem em monopólios.
As dificuldades internas de muitos veículos não estão permitindo a flexibilidade necessária para estas formações de associações, inclusive para que as equipes de redação sejam aproveitadas para usos diferenciados. O Valor Econômico, uma associação entre o grupo Folha e O Globo, acabou ficando somente com o último, que tira proveito de sua televisão. Algo parecido vem acontecendo com a Band, tradicional na área da rádio e televisão que amplia o seu setor de imprensa escrita utilizando o mercado do emprego com os seus Metros locais.
Ainda que este veículo voltado ao setor econômico-financeiro venha dando grande prioridade às informações online, ainda não parece ter chegado a uma forma de trabalho eficiente para os dois veículos, escritos e eletrônicos, aproveitando de forma eficaz suas equipes de jornalistas.
No nível internacional, observa-se que os grupos japoneses investiram nos veículos ingleses adquirindo o controle acionário do The Economist e do Financial Times, sem interferir nas suas linhas editoriais. As grandes disponibilidades de recursos em dólares de grupos asiáticos caminham para transformá-los em ativos de outra natureza, sem um resultado expressivo, por enquanto.
Lamentavelmente, os usuários destes veículos todos, mesmo sabendo da existência de monstruosos custos a serem enfrentados, sentem a queda na qualidade das informações, que se estão tornando mais rápidas. Espera-se dos jornalistas, que sempre recomendaram soluções para outros setores, a capacidade de, num prazo relativamente curto, conseguirem superar suas limitações.