As Avaliações da Imprensa Sobre Filmes
24 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: ainda que sejam subjetivas as preferências atuais parecem pela violência, desmoralização total, divergências do público com os avaliadores | 2 Comentários »
Espera-se que os jornais e os seus críticos sobre filmes desejem prestar um serviço para a população, mas quando existe uma divergência total sobre os recomendados com a opinião do público algo parece estar muito errado.
Não parece necessário chegar aos filmes clássicos, mas as avaliações atuais parecem apresentar divergências profundas entre os críticos com o público
É evidente que pode haver algumas divergências entre as opiniões dos críticos de filmes dos filmes atuais como as do público, mas as completas divergências ao longo dos períodos recentes parece indicar a existência de alguns problemas mais graves. Para o público que continua utilizando as informações da imprensa na falta de veículos mais especializados é muito frustrante quando os mais recomendados não apresentam a qualidade mínima, só contendo cenas violentas sem nenhum sentido no conjunto da obra.
O público tende a considerar que os críticos que apresentam suas avaliações estão atualizados, acompanhando um grande número de filmes. Quando seguidas avaliações elevadíssimas são totalmente frustrantes, acaba surgindo uma tendência para não levar mais em conta estas opiniões para a escolha dos filmes que serão assistidos, desmoralizando a imprensa.
É claro que pode haver algumas divergências de opinião com os críticos, principalmente quando o espectador aprecia o cinema e assiste a um elevado número de filmes. O filme pode apresentar avanços substanciais das técnicas utilizadas no cinema que nem sempre são acompanhadas pelo grande público. Mas a divergência sistemática acaba indicando alguma anormalidade, pois o espaço dedicado pelos jornais para as avaliações e os programas das salas de cinema é substancial, representando custos que objetivam alguns retornos, como os bons serviços oferecidos para os leitores.
Sou daqueles que acompanham muitos festivais, revistas e diversas indicações de críticos, mas estas últimas críticas estão se revelando inúteis, provocando a tendência de as ignorarem, lamentavelmente. Isto vale também para outras manifestações culturais, como concertos de músicas clássicas, indicações de novos livros lançados, espetáculos de diversas especialidades. No geral, as indicações são interessantes, mas as de filmes de cinema se revelam altamente frustrantes. Será que estão rareando as boas produções do cinema no mundo? Se isto estiver ocorrendo – o que não acredito, pois tenho assistido a alguns de boa qualidade -, seria lamentável, pois o cinema parece continuar sendo uma forma de manifestação cultural de importância.
A crítica especializada só interessa para quem aprecia o cinema de arte, que se interessa por conhecer o que o cinema tem de melhor para oferecer. A grande maioria dos filmes se presta somente ao entretenimento, o que não é pouca coisa, mas vai de encontro ao grande público, que procura algumas horas de diversão, sem necessidade de reflexão. Isso não é só no Brasil, é claro. É esta fatia maior, que move a máquina atualmente. As bilheterias americanas por exemplo, garantem 11 bilhões de dólares ao ano, sendo que 62% somente da Disney. Mas, se engana quem acha que o cinema americano está ‘bombando’. O preço dos ingressos subiu e o número de espectadores vem caindo ano a ano. O que acontece é uma concentração, um interesse desigual, motivado pelo também desigual, orçamento para propaganda. Sem contar que houve um tempo, onde quase cinco mil filmes eram lançados por ano nos EUA, hoje, para o cinema não chegam a 800 títulos.
Caro Carlos Abreu,
Obrigado pelo comentário. Apesar de não ser um especialista, mantenho interesse por todas as manifestações culturais no mundo e espero ter a capacidade de avaliar o que seja arte e não para finalidades comerciais. Tenho a impressão que muitos que os críticos consideram artes não possuem o padrão do que já foi feito no mundo e em alguns países que são pouco acompanhados pelos ocidentais como os asiáticos que, além de número possuem algumas obras de elevada qualidade.
Paulo Yokota