Os Abusos dos Chefs Internacionais
11 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: a favor da volta da comida de verdade, abusos dos chefs internacionais, coluna na Folha de S.Paulo
O colunista João Pereira Coutinho, crítico português sobre gastronomia, faz uma divertida, mas dura observação do que está sendo apresentado pelos chefs famosos em restaurantes de primeira linha no mundo.
Foto de ilustração do artigo publicado na Folha de S.Paulo, que vale a pena ser lido na sua íntegra
João Pereira Coutinho mantém uma coluna na Folha de S.Paulo e começa seu artigo informando saber que o Elevem Madison Park de Nova York foi considerado o melhor do mundo, mas ele espera nunca utilizar. Segundo ele, os chefs famosos destes estabelecimentos apresentam criações extravagantes, caras e que não parecem comidas, não dando para saber do que se trata. Em sua opinião, eles parecem sacerdotes ditando o que seria de vanguarda em gastronomia. Os ingredientes são chamados “elementos”, a refeição é uma “experiência”, a comida é uma “composição”.
Neste tipo de restaurante, o garçom deposita um prato informando que se trata de um pato defumado, com pétalas de tomate e essências de jasmim, embora não aparente ser nada disto. Os chefs que algumas vezes aparecem para ser cumprimentados pelos clientes são artistas, como se estivessem pintando com Michelangelo a Capela Sistina, segundo o autor. Este restaurante de Nova York vai fazer uma “retrospectiva” dos seus melhores pratos dos últimos 11 anos, que deve custar uma fortuna.
O crítico afirma que gosta de comer. Pensa voltar para as cavernas, pois num restaurante destes perguntou ao garçom se não faltava algo quando o prato lhe foi apresentado. Esclareceu que precisava de um microscópio para tentar saber do que se tratava. Ele informou que se tratava da “obra” do chef.
Ilustração constante do artigo na Folha de S.Paulo que vale a pena ser lido na sua íntegra
Ele brinca afirmando que no próximo outono pretende aprender a caçar, desde perdiz, lebre a javali. Colocar tudo numa fogueira e um espeto, como se fora nos tempos pré-históricos.
Realmente, os exageros de alguns chefs chegam a apresentar um jantar de 12 pratos, do qual se sai com fome, precisando passar por um lugar onde se possa comer um sanduíche simples, como o de pernil, que é servido em frente à antiga redação do Estadão.