Necessidade de Recuperação do Emprego no Brasil

5 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: enfoque discutível da política econômica, necessidade de correções substanciais, prioridade na criação do emprego

A Folha de S.Paulo publica num artigo gráfico de fundamental importância para a compreensão de que a atual política econômica brasileira não está dando a devida importância para a crucial criação do emprego para os brasileiros.

Gráfico publicado pela Folha de S.Paulo mostrando a taxa de ocupação da força de trabalho do Brasil nos últimos 25 anos, com queda dramática no período final, que merece uma análise profunda de todos os leitores

Por uma dificuldade de paginação adequada, um gráfico que cobre o emprego nos últimos 25 anos acabou sendo colocado em outra página, separado do artigo de Mariana Carneiro, que leva o título “Destruição de emprego na atual recessão é a mais forte em 25 anos”, publicado na Folha de S.Paulo. Os seus dados teriam sido elaborados pelos economistas Bruno Ottonie e Tiago Barreira, da FVG – Fundação Getúlio Vargas, merecendo profundas análises de todos.

É sabido que o nível de emprego numa economia depende de muitos fatores, mas podem destacados alguns mais relevantes. A importação costuma criar empregos no exterior e as exportações os empregos no Brasil e eles dependem fortemente da política cambial. Isto acontece também com muitos serviços como os relacionados com o turismo no exterior, que criam empregos nos países visitados, e os no Brasil que criam empregos locais, tanto para os turistas nacionais como estrangeiros.

Alguns setores da economia são mais intensivos em recursos humanos, como a construção civil que costuma ser estimulada para aumentar os empregos diretos como indiretos em todos os materiais usados nesta atividade. Ainda que a agricultura hoje esteja bastante mecanizada, os serviços a ela relacionados criam muito empregos, tanto nos seus beneficiamentos como suas industrializações.

O gráfico mostra que somente 86,3% da força de trabalho está atualmente empregada no Brasil quando há dois anos passados estava acima de 90%. Isto deixa mais de 14 milhões de brasileiros desempregados. Outro ponto baixo foi quando Lula da Silva surgia como forte candidato para vencer as eleições, quando chegou a 88,8%.

Os serviços relacionados à saúde costumam criar muitos empregos, assim como o setor público. Sem a criação dos empregos e os salários pagos por eles fica difícil conseguir demandas de outros produtos consumidos que estimulam as produções dos mesmos, criando empregos.

A política cambial no Brasil vem sendo utilizada muitas vezes como um instrumento complementar para provocar a redução da inflação. Com remunerações mais baixas dos exportadores, os preços dos produtos operados por eles tendem a cair. Também as importações ajudam a reduzir os preços, notadamente quando a demanda está baixa no país.

O que se questiona é por que as autoridades brasileiras mantêm o câmbio valorizado. Parte é porque muitas empresas contraíram empréstimos no exterior e teriam seus custos elevados. Também o sistema financeiro do país acabou com muitos créditos inadimplentes e precisam elevar suas rentabilidades para fazer face aos prejuízos que ainda constam dos seus balanços, mas são incobráveis. Na medida em que os fluxos financeiros internacionais não são regulamentados, as rentabilidades das instituições financeiras se elevam permitindo absorver os prejuízos que deveriam estar registrados nos seus balanços.

Há, portanto, prioridades que as autoridades estão concedendo a outros setores, ainda que o nível de emprego que deveria ser o mais importante, não venha merecendo a atenção devida.

O dramático é que este desemprego no Brasil está ocorrendo num período em que economias como dos Estados Unidos e do Japão estão próximas do que os economistas chamam de pleno emprego, havendo dificuldade de se obterem novos empregados.