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Um Raro Brasileiro em Okinawa Antes da Guerra

31 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: foto de 1935, Masao Gima nascido em São Paulo em 1928, órfão levado por uma família okinawana

clip_image002São raros os brasileiros que foram para o Japão antes da Segunda Guerra Mundial, principalmente não sendo descendente de japoneses, mas Masao Gima era um órfão de pai de ascendência italiana e mãe de ascendência portuguesa. Adotado, foi parar em Okinawa por volta de 1934, onde viveu por 87 anos e faleceu no ano passado.

 

Masao Gima em foto de 1935 numa plantação de cana em Koja, Okinawa, constante do artigo publicado no The Asahi Shimbun, que vale a pena ser lido na íntegra

É extremamente rara uma foto de um brasileiro de olhos azuis, cujo pai era descendente de italianos e a mãe, que morreu após o parto, descendente de portugueses. Ele nasceu em São Paulo em 1928 e foi levado por uma família okinawana para viver naquela província do Japão, recebendo o nome de Masao Gima, adotado pela família Gima. Esta foto acima foi encontrada junto com outras cerca de 300 imagens que foram tiradas pelo fotógrafo Mamoru Fujimoto e foi encontrada na nos arquivos do The Asahi Shimbun em Osaka. Seus descendentes o reconheceram nesta foto.

O assunto consta do artigo de Takufumi Yoshida publicado no The Asahi Shimbun. Tudo indica que ele sofreu muitas discriminações pela sua fisionomia que não era a usual da população local. Informa-se que costumava ficar solitário, vivendo da pesca e companhia de animais.

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Masao Gima aos 60 anos em foto constante do artigo no The Asahi Shimbun

Seu filho Tetsuya Gima, de 50 anos, que mora na cidade de Okinawa, não tem dúvidas no reconhecimento do seu pai na foto. Ele foi levado para o Japão quando a família resolveu retornar e adotado por Koshin Gima, de Koja, recebeu o nome de Masao Gima, sendo o único estrangeiro na comunidade.

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Tetsuya Gima e Kaori Morine, filhos de Masao Gima, recordam aspectos de suas vidas com ele. Foto constante do artigo no The Asahi Shimbun

Diferente dos japoneses da época, ele usava sapatos. Quando chegou ao Japão, não sabia falar japonês. Acabou abandonando a escola e ajudava os agricultores no campo. Durante a Batalha de Okinawa, estava sob vigilância policial, pois se suspeitava que ele pudesse ser um espião.

Depois da guerra, trabalhou em muitos empregos, inclusive dirigindo um caminhão na base aérea de Kadena, ocupada pelos norte-americanos. Quando trabalhava com um táxi, ficou suspeito como de ter roubado o veículo. Depois, com 36 anos, procurou trabalhar sozinho, casou-se com Hide e criou cinco filhos.

Quiseram homenageá-lo quando completou 88 anos, mas ele preferia se manter isolado. Faleceu em 22 de maio de 2016, dormindo, e seu único desejo foi que no seu túmulo constasse “Brasil”, mostrando o seu apego à terra natal. Pode ter sonhado, mas não teve oportunidade de ver novamente este país.