Parar o Lançamento de Dióxido de Carbono não é Suficiente
17 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigos no The Economist mostram que parar com o lançamento de dióxido não é suficiente, é preciso sugar o que já está na atmosfera, os custos são elevados não havendo ainda uma tecnologia comprovada para tanto | 1 Comentário »
Com as reuniões que se seguem em Bonn, relativo ao Acordo de Paris, estão sendo acumulados novos estudos sobre o assunto e os seus resultados indicam que parar simplesmente os lançamentos adicionais de dióxido de carbono não é suficiente, havendo necessidade de programas mais ousados para manter abaixo de 2ºC o aquecimento global.
Gráfico constante da revista The Economist
Artigos publicados no último número do The Economist, baseados nas pesquisas efetuadas em diversos organismos mundiais, mostram que a simples paralisação dos lançamentos dos dióxidos de carbono não é suficiente para atingir a meta de aquecimento de 2ºC, como foi estabelecido no Acordo de Paris, que já é difícil de ser cumprido com Donald Trump se recusando a comprometer os Estados Unidos, um dos maiores poluidores do mundo, com as metas estabelecidas. Isto estimula outros países a não tomarem medidas drásticas que comprometem suas economias.
O Acordo de Paris supõe que o mundo encontrará uma tecnologia viável para sugar o CO2, pois o corte das emissões não é suficiente para manter o estoque global dos gases de efeito estufa para conter o aquecimento do globo. Haveria uma emissão negativa para atingir este objetivo. Dos 116 modelos que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas usa para traçar o que está por vir, 101 supõem a retirada destes gases da atmosfera. Seriam de 810 bilhões de toneladas até 2100, o que corresponde somente ao que a economia mundial produz em 20 anos, portanto uma insignificância. O pior é que não existem tecnologias para tanto, que é de uma magnitude épica. Algumas centrais elétricas e instalações industriais capturam o CO2, mas são insignificantes.
O que se poderia fazer seriam plantações maciças de florestas, ao mesmo tempo em que as terras não seriam aradas, mas adotando-se o plantio direto como já feito no Brasil. Existem outras ideias, mas aparentam ser cômicas. Todas são muito caras e ainda não comprovadas em suas aplicações. Haveria que se plantar florestas na dimensão de uma Índia. Ainda não se sabe como obter lucro da eliminação de gases estufa.
Existem algumas tentativas de remunerar aqueles que estão se esforçando para a redução do lançamento de gases estufa. Todos os projetos ainda são modestos diante da dimensão do problema, havendo que se aumentar substancialmente estas tentativas. Se o mercado não for um incentivo para estes projetos, haveria que se dobrar o preço da energia elétrica para gerar os recursos necessários. Até o momento não parece haver algo prático que tenha condições de provocar a redução almejada de aquecimento global, segundo o The Economist, numa avaliação lamentavelmente pessimista.
Cessar totalmente qualquer emissão na atmosfera é utópico, mas o que me parece viável seria priorizar o uso da biomassa como fonte de energia, até para facilitar o fechamento dos ciclos do carbono e do nitrogênio. Qualquer outra proposta é jogada de marketing.