Mudanças nos Grandes Aglomerados Econômicos Japoneses
27 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: difícil ajustamento à realidade, grupos como a Mitsubishi que sobreviveram à guerra, os tempos atuais estão provocando mudanças | 2 Comentários »
Os famosos zaibatsus do Japão, que nasceram na Era Meiji e resistiram à ocupação norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial, onde o exemplo mais importante é a Mitsubishi, estão sendo forçados às alterações nos tempos atuais de mudança da economia global. Um artigo preparado por uma equipe constituída por Masaharu Tsutsumi, Jun Tamaki e Eiki Hayashi foi publicado no Nikkei Asian Review abordando este gigantesco problema.
Banco MUFG, Mitsubishi Corporation e Mitsubishi Heavy Industries, as três empresas principais do conglomerado Mitsubishi, consideradas responsáveis por ignorarem as falhas da Mitsubishi Motors, com suas siglas publicadas no artigo do Nikkei Asian Review
Embora o zaibatsu, o aglomerado que compreendia um grupo grande de empresas, tenha se extinto formalmente durante a ocupação norte-americana do Japão, foi considerado como um dos principais responsáveis pela guerra. Mas o fato concreto é que os mesmos funcionavam com uma filosofia comum, com uma solidariedade entre elas depois daquela época. Havia até uma reunião famosa chamada kinyokai, que em japonês significa grupo das sextas-feiras, que no caso da Mitsubishi reunia os representantes de 28 das suas principais empresas, normalmente com a presença dos CEOs das mesmas. Outros grupos japoneses como a Mitsui, a Marubeni, a Itochu e a Sumitomo também tinham algo semelhante.
Principais empresas do grupo Mitsubishi, lista constante do artigo no Nikkei Asian Review
Mesmo assim, há décadas já havia alguma flexibilidade, não se exigindo que utilizassem a trading, o banco, a seguradora, a empresa de transporte marítimo do grupo, entre outras, em operações que eram convenientes a cada uma das empresas. Dependia das circunstâncias, notadamente quando se organizavam consórcios para cuidar de um projeto, no Japão ou no exterior. Não havia mais a exclusividade absoluta, mas procurava-se manter uma solidariedade entre as empresas destes grupos.
Como também tinham poder político, notadamente nas agências governamentais que davam outros suportes, tudo passou a ficar conhecido como Japan Inc. onde não se distinguia o interesse privado do nacional. Funcionou de forma adequada por um longo período permitindo que o Japão ficasse conhecido pelo seu milagre de altas taxas de crescimento econômico.
No entanto, com a evolução que vem ocorrendo no mundo, muitas empresas do grupo Mitsubishi passaram a dar importância a outros aspectos. No banco, por exemplo, segundo as regulamentações que hoje existem no mundo, não se recomenda mais que façam operações com empresas ligadas de qualquer forma. Também a Mitsubishi Motors não recebeu o suporte de outras empresas do grupo, que achavam que cada uma deveria cuidar adequadamente de sua gestão, acabando sendo necessário se socorrer com a Nissan.
Um caso não mencionado no artigo do jornal japonês foi o caso da Kirin no Brasil que adquiriu a Schincariol contra a recomendação de outras empresas do grupo, acusando um prejuízo astronômico que chegava a cerca de US$ 4 bilhões. Mencionam o caso da empresa de navegação Nippon Yusen que adquiriu dois navios de turismo da Mitsubishi Heavy, que tendo atrasos exagerados na entrega acabou provocando o rompimento com a encomenda da terceira unidade.
Também os casos do banco que acabaram ampliando outras atividades com estrangeiros do setor financeiro, perdendo por longos períodos de experiências internacionais do Bank of Tokyo, com a sua dominantemente doméstica Mitsubishi. Também operações complexas com diversos interesses no exterior acabaram dando preferência a outras empresas de conglomerados diferentes.
Também existem relações com o grupo Fast Retailing que usa a marca Uniqlo, que nada tinha com o grupo Mitsubishi. Os comentaristas da imprensa acabam concluindo que não se segue mais a filosofia do quarto sucessor do fundador, Koyata Iwasaki, que previa: shoki hoko (responsabilidade social corporativa), shoji komei (integridade e justiça) e ritsuan boeki (promovendo a compreensão global através dos negócios), que resumidamente era servir a sociedade japonesa com uma perspectiva global.
Este tipo de problemas também parece ocorrer com outros aglomerados, não havendo mais o papel do Japan Inc. O mundo mudou e os conglomerados japoneses também necessitam ajustar-se, o que vai exigir mudanças algumas vezes dolorosas.
YOKOTA, a solução para as empresas japonesas é contratar executivos do Brasil. Veja os casos da Embraer, CEF, BB, Correios, Marcopolo, Agrale, Havaianas etc.
Cara Simone Aparecida,
Pelo padrão internacional, as empresas citadas não são consideradas as mais eficientes, infelizmente.
Paulo Yokota