Novo Mandato Para o Presidente Xi Jinping
26 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: proposta para permitir mandatos adicionais ao presidente Xi Jinping
A maioria dos jornais relevantes no mundo noticia que está se preparando uma proposta de mudança da Constituição chinesa permitindo que Xi Jinping, igualando-se a Mao Tsetung, tenha possibilidade de se manter no cargo de presidente por períodos adicionais.
O presidente Xi Jinping pode ficar efetivamente ao nível de Mao Tsetung e Deng Xiaoping conseguindo na Constituição chinesa a possibilidade de renovação do seu mandato por períodos adicionais
Ainda que esta possibilidade pareça eminente, há que se entender que o cargo mais relevante que ele também detém é o de secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Também deve-se compreender que pode gerar reações negativas de seus opositores, ainda que surda, mesmo que no momento ele detenha todo o poder político e militar para estas modificações.
A economia chinesa continua crescendo, ainda que haja esforços exagerados na tentativa de se tornar a maior do mundo em torno de 2030, ultrapassando os norte-americanos. Do ponto de vista militar, está se tornando o polo dialético dos Estados Unidos, ainda que ainda esteja longe de chegar ao poder de se igualar com eles. Mas, num regime autoritário, com a sensível melhoria do padrão de vida da população chinesa, não parece que haja possibilidade de forças internas para a mudança deste quadro atual. Do ponto de vista tecnológico, a China já está em primeiro lugar no mundo em muitos setores.
Cada país tem as suas características próprias. Nos Estados Unidos, o poder econômico acaba dando suporte ao presidente da República, pois, mesmo sendo um país democrático, as encomendas governamentais para o complexo industrial militar são substanciais, com fortes interesses políticos. Na China, existe uma burocracia extremamente preparada que domina os diversos escalões da administração pública e o sistema hierarquizado foi fortemente influenciado por Confúcio, não havendo uma democracia do tipo Ocidental.
Os dissidentes da China são em número modesto, não havendo como contestar o governo, mas as insatisfações de toda a ordem acabam sendo sufocadas pela força.
O que parece recomendável para um país como o Brasil é não aumentar exageradamente a dependência nem dos Estados Unidos nem da China, cuja cultura política ainda é pouco conhecida neste país.