Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reuters Discute o Cerrado Brasileiro

31 de agosto de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo de Jake Spring sobre o Cerrado brasileiro, destruição do bioma que representaria 5% das espécies do planeta e contribui para o aquecimento global, evitando o desmatamento da agricultura

É sempre interessante que se ouçam as opiniões de variados pontos de vista, pois no Brasil as vozes que refletem as contribuições positivas do Cerrado ao desenvolvimento e a alimentação mundial são quase unânimes, pouco se ouvindo falar dos ecologistas sobre os cuidados indispensáveis para a preservação deste bioma. O artigo de Jake Spring para a clip_image002agência Reuters enfatiza mais os cuidados que certamente são indispensáveis e que em poucos anos mudou da exploração extensiva para intensiva, sem a preservação do mínimo para sequer manter a sua fauna, vegetação e disponibilidade de água de forma sustentável.

Mesmo a área de distribuição original do Cerrado é controversa, pois parte do Estado de São Paulo de terras pobres assim poderia ser considerado

Ainda que o Brasil tenha transformado com relativa rapidez a exploração que era extensiva dos seus Cerrados para as intensivas de grãos como os da soja e do milho, bem como uma pecuária mais concentrada, todos têm consciência que nem o mínimo de 20% de matas ciliares foi preservado, procurando proteger os rios e as nascentes que as abasteciam, mesmo para possibilitar a irrigação. Hoje, já existem alguns projetos que conciliam reflorestamento, com a pecuária e a produção agrícola, mas ainda são poucos, quando se compara com as extensas áreas de produção mecanizada. A topografia predominante nestas áreas e a substituição da mata precária dos Cerrados facilitaram a implantação das produções mecanizadas, cujos resultados eram mais voltados para o mercado exterior. Sente-se, atualmente, até a redução das precipitações pluviométricas que prejudicam tanto a navegação fluvial como os reservatórios destinados à produção de energia elétrica.

Como sempre, nem tanto ao mar nem tanto a terra. Seria desejável que fossem preservadas mais reservas de grandes dimensões, notadamente nas regiões mais acidentadas que até favorecem projetos turísticos, pois os rios dos Cerrados costumam ser de águas límpidas. Os empresários mais conscientes sabem que a preservação de um mínimo de 20% de matas, como as ciliares dos rios, são as mais recomendáveis, até porque o Brasil é também um grande produtor de derivados das florestas, como a celulose, que também gera apreciáveis divisas.

Na medida em que as restrições existentes são obedecidas, caminha-se em direção às tecnologias sustentáveis, visando produtividades mais elevadas, não se necessitando de tantas áreas, principalmente nas transições para as florestas como as Amazônicas ou mesmo o Pantanal brasileiro. Ainda é hora para intensificação das pesquisas que conciliam as melhores formas de exploração, de forma sustentável.

Os jornalistas que vêm o problema de longe, esporadicamente, não tendo a vivência do assunto ao longo dos anos, tendem a simplificar os problemas, que existem, mas que também estão sendo cuidados, no mínimo em parte, nos diversos Cerrados que podem ser diferenciados pelo país. Por exemplo, no Estado de São Paulo, as regiões dos arenitos de Botucatu e de Bauru, que eram Cerrados, hoje não se distinguem das antigas matas como do Atlântico, contando com agriculturas diversificadas e intensivas, pois estão mais próximas dos mercados. Muitas áreas como do norte de Mato Grosso, na região de Alta Floresta, contam com menos áreas extensivas, propiciando agriculturas de alta produtividade. As irrigações ao longo do rio São Francisco, com a fruticultura, nada tem de parecido com as produções de grãos de outras áreas como o chamado Matopiba.

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Muitos bons empresários agrícolas brasileiros estão utilizando altas tecnologias, melhorando suas produtividades e rentabilidades

Os Cerrados brasileiros ocupam extensas áreas equivalentes a muitos países. Mesmo os brasileiros que já percorreram muitas destas áreas ao longo de muitas décadas não conseguem acompanhar facilmente tudo que vêm ocorrendo em muitas destas áreas. Não se pode supor que estes empresários agrícolas, que adotam tecnologias das mais avançadas, sejam suicidas, para em pouco tempo esgotar suas explorações de formas exageradas. Eles estão trabalhando introduzindo novas tecnologias que vão mudando ao longo do tempo, de forma cada vez mais sustentável e adaptadas para as regiões em que atuam.