Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Naomi Osaka Mostrou Capacidade Para Manter a Calma

11 de setembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: descontrole de Serena Willians, gestos que minimizaram os lamentáveis acontecimentos, qualidades pessoais da nova campeão da US Open feminina de 2018

Sempre é difícil interpretar todos os lamentáveis problemas que ocorreram na final feminina do US Open 2018, quando Serena Willians desentendeu-se com o juiz Carlos Ramos. Ainda que Naomi Osaka, possivelmente, tenha sido afetada por estes acontecimentos como um ser humano, há que se reconhecer que ela procurou manter-se focada na sua atuação como tenista, só extravasando suas tensões depois de terminada a partida. Uma descrição detalhada, possivelmente equilibrada, consta do artigo publicado no The New York Times, que pode ser lido na íntegra, em inglês, que pode ser traduzido para o português: https://www.nytimes.com/2018/09/09/sports/serena-osaka-us-open-penalty.html?action=click&module=Top%20Stories&pgtype=Homepage .

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Serena Willians consola Naomi Osaka que estava chorando na premiação, não se sabe se pela vitória ou pelos acontecimentos que influíram no resultado da partida final.

O público presente na partida não pode acompanhar todos os acontecimentos nos seus detalhes, possivelmente, acabando tomando partido da Serena Willians contra o juiz, naturalmente, com aplausos e vaias que se repetiram até na cerimônia de premiação. Mas quem estava acompanhando o jogo pela televisão notou claramente que o técnico da Serena Willians, depois do primeiro set ganho por Naomi Osaka por 6 a 2, procurava por gestos orientar a sua pupila, o que foi admitido pessoalmente por ele, ainda que entenda que isto ocorre em muitos jogos, mesmo não sendo regular. O que não é possível saber se a Serena viu o que estava sendo-lhe recomendado.

A longa história das atitudes tomadas pela consagrada Serena, que Naomi confessa considerar sua heroína, está minuciosamente descrita no artigo acima indicado. Ficam claro que não existe nenhuma animosidade entre as duas jogadoras, com os problemas concentrados na interpretação de Serena sobre a atuação do juiz, inclusive atribuindo que isto acontece com as jogadoras, não com os tenistas.

Todos ficam impressionados com Naomi, de apenas 20 anos, contar com condições para a potência de suas jogadas, bem com a sua precisão, mesmo jogando com uma consagrada veterana com uma experiência de mais de 14 anos sobre ela. Sua capacidade de se manter focada na partida foi reconhecida. Também existem os que atribuem a ela pouca vinculação com o Japão, por ter migrado aos três anos com parte de sua família para a Flórida.

Um sugestivo artigo foi escrito por Masafumi Kamimura e publicado no The Asahi Shimbun. O avô de Naomi, Tetsuo Osaka, 73 anos, que mora em Hokkaido, estava atarefado com as consequências do terremoto que atingiu o norte do Japão. Ele é chefe da cooperativa de pesca e está lutando para restabelecer o fornecimento de energia elétrica na região de seu trabalho.

Depois de acompanhar a partida pela televisão na casa de outro parente, ele recebeu de Naomi uma ligação telefônica de Nova York, quando ele pode transmitir-lhe que ela fez um bom trabalho. Como cerca de 40 pessoas faleceram em consequência do terremoto, o tênis não é a atual prioridade na região, mas ele a acompanha desde quando Naomi tinha 12 ou 13 anos.

Naomi Osaka deverá estar em Tóquio, no Japão, para participar do torneio Toray Pan Pacific Open de Tênis, que começa no próximo dia 17 de setembro. Seu avó planeja viajar para a capital japonesa para dar um abraço pessoal na sua neta.

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Tatsuo Osaka, avô da Naomi Osaka, que mora em Hokkaido, sobreviveu ao terremoto. Ele ajuda a restabelecer o sistema de distribuição de energia elétrica, teve que usar a televisão na casa de um parente e espera transmitir pessoalmente os seus cumprimentos no Japão.