Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Governo Jair Bolsonaro e sua Política Externa

2 de novembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a diferenciação da campanha eleitoral e o exercício do governo, aviso da China para o governo Jair Bolsonaro, consequências nas relações bilaterais, posição da China de grande importador de produtos brasileiros, um grande investidor no Brasil

Com um editorial publicado no China Daily, transformado por Jamil Chade em artigo reproduzido no Estadão, a China expressou que se os discursos de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral relacionados com aquele país forem transformados em ações, à semelhança do que Donald Trump vem adotando nas relações com os chineses, o Brasil clip_image002 pode sofrer uma forte consequência negativa. Lembram que são o principal importador de produtos brasileiros, como minérios e produtos agropecuários, além do atual maior investidor no Brasil.

Brasil e China são importantes parceiros na economia mundial, tanto pelas importações chinesas de produtos brasileiros serem as mais elevadas, como os investimentos chineses no Brasil serem relevantes

O embaixador chinês no Brasil já havia manifestado que os brasileiros não conhecem adequadamente o seu país e a visita de Jair Bolsonaro a Taiwan ter irritado as autoridades chinesas. No editorial, os chineses afirmam entender que durante a campanha eleitoral houvesse manifestações contrárias à China, mas, se o Brasil tiver a mesma atitude que Donald Trump com relação àquele pais, isto prejudicaria o Brasil.

Jair Bolsonaro já afirmou que a nova política externa brasileira será diferente da que vinha sendo adotada em que Lula da Silva, tivesse privilegiado principalmente aqueles que consideravam seus amigos, como Cuba ou a Venezuela, e que o Brasil passaria a ser mais pragmático e equilibrado com seus parceiros no mundo, no interesse nacional. No entanto, alguns dos seus pronunciamentos apresentavam restrições com relação à China, que considerava inconveniente ao Brasil. Isto exige a escolha urgente de um novo ministro das Relações Exteriores que deixe claro que as relações com os chineses serão preservadas e até intensificadas, até pela falta de alternativas equivalentes. Outros aspectos, como a possível retirada do Brasil das negociações sobre os problemas de aquecimento global discutido em Paris, preocupam a muitos.

Não parece que ele esteja suficientemente preparado para estes assuntos internacionais, devendo-se evitar que, além do Itamaraty que conta com quadros adequados, não haja na Presidência um assessor que interfira nas orientações da política externa. O mundo não está com a situação mais favorável para um crescimento robusto, não proporcionando ao Brasil um vento de cauda para ajudar na sua recuperação indispensável.

Muitos se preocupam com a situação em que o presidente eleito venha se tornar semelhante a Donald Trump, pronunciando-se a favor de Israel, quando também existem situações complexas no Oriente Médio. Mesmo que o Brasil não tenha importância relevante no mundo, o fato concreto é que pode desempenhar um papel importante refletindo a sua importância na América Latina. Parece prioritário a escolha urgente de um ministro para o Itamaraty que possa assessorá-lo na formulação de uma política externa que realmente ajude o Brasil, como seria do seu desejo.