Opções Arriscadas de Bolsonaro nos EUA
21 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a opção pela tentativa de ingresso na OECD, resultados duvidosos, tentando aproximar-se de um país que aumenta suas dificuldades
Tudo indica que os resultados da viagem de Jair Bolsonaro para os Estados Unidos são duvidosos para o Brasil, trocando-se o certo pelas perspectivas das possibilidades incertas para o futuro, mostrando uma precariedade nas formas de colocar os problemas da atual equipe do governo. É preciso constatar, infelizmente, que os norte-americanos estão sendo superados na qualidade de suas antigas universidades e nas pesquisas de ponta estão sendo superados pelos chineses, como este site vem informando.
Será que a troca de camisas de futebolistas tem algum significado importante para as relações bilaterais? Relacionamentos pessoais não resultam necessariamente em bons resultados, como está se verificando no caso da Coreia do Norte
Se a assinatura do acordo para uso da base de Alcântara no Maranhão pelos norte-americanos foi o único ato concreto entre os dois países nesta viagem, parece muito pouco diante da importância dos Estados Unidos e do Brasil mesmo no quadro das dificuldades atuais. Seu uso, por mais intensivo que seja, é limitado. O apoio dos norte-americanos para a tentativa brasileira de ingressar no grupo da OECD acaba gerando a necessidade de cumprimento de suas muitas condições difíceis, o que levou administrações anteriores a resistir às pressões sofridas para este ingresso, pois elimina a possibilidade do uso do câmbio na tentativa de melhorar a balança das relações com o exterior, passando a depender somente dos juros. Ao mesmo tempo, provoca imediatamente para o Brasil a perda de gozar dos benefícios dos países emergentes na colocação de alguns dos seus produtos, quando suas dificuldades de exportação de produtos industrializados são crescentes.
No mercado chinês, por exemplo, o Brasil e os Estados Unidos são competidores no fornecimento de produtos agropecuários, mesmo sabendo que a China não pretende depender somente dos norte-americanos, que já boicotaram seus fornecimentos de alimentos quando os chineses contaram com muitas dificuldades, até com a morte de muitos deles.
Na mesma época da visita, anuncia-se que os produtos automobilísticos do México, que estão mais atualizados tecnologicamente que os brasileiros, não terão mais proteções alfandegárias, tornando-se de livre comércio. Como eles forneciam estes produtos dentro do NAFTA – North American Free Trade Agreement, que inclui também o Canadá, tudo indica que são mais eficientes que os produzidos no Brasil.
A proposta norte-americana para o Brasil participar da NATO, acordo militar do Hemisfério Norte também soa mais como encargo do que vantagens. Há, portanto, na política externa brasileira, uma necessidade de considerar os problemas com maior profundidade, havendo que contar com diplomatas qualificados, independentemente da ideologia que defendem pessoalmente.