Declarações Infelizes do Presidente Sobre os Grevistas
15 de maio de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: declarações infelizes do presidente Jair Bolsonaro sobre os estudantes grevistas, elas tendem a estimular novas manifestações, pioram o quadro já muito difícil | 4 Comentários »
Entre as muitas declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro, as proferidas nos Estados Unidos sobre os grevistas brasileiros que se manifestam contra os contingenciamentos dos recursos voltados para a educação figuram entre as mais infelizes, podendo estimular novas manifestações. As declarações de um presidente acabam virando manchetes nos jornais do mundo, chamando maior atenção de todos, que certamente é um dos objetivos dos manifestantes, em nada ajudando o Brasil na solução destes problemas.
Presidente Jair Bolsonaro no Texas, Estados Unidos, de onde se pronunciou sobre as greves dos estudantes
Ainda que muitos possam não concordar com as manifestações que se multiplicam no Brasil diante do contingenciamento de recursos para a educação, quando elas são feitas sem o emprego da violência devem ser consideradas normais em um regime democrático. Na medida em que as autoridades se posicionam veementemente contra elas, a tendência é que elas se multipliquem por todo o país, até provocarem alguma situação mais crítica.
Estes acontecimentos são quase corriqueiros em muitos países democráticos, não envolvendo reações diretas dos chefes de governo. Quando provocam manifestações agudas de altas autoridades, elas justificam registros dos acontecimentos na imprensa mundial. Muitos que não conheciam profundamente a atual situação brasileira acabam ficando cientes de que algo vai muito mal neste país, a ponto do presidente manifestar-se sobre o assunto até quando está no exterior.
A educação é considerada na maioria dos países uma das prioridades mais altas, sendo das últimas a serem atingidas pelas faltas de recursos. Ela é fundamental para o futuro da população, notadamente dos jovens que serão seus futuros dirigentes. No exterior, se até os recursos para a educação acabam sendo contingenciados é porque há muitas dúvidas sobre as condições de atenderem as demais necessidades.
O Brasil, que procura atrair investidores estrangeiros dadas as atuais limitações de recursos no país, quando o presidente da República acaba considerando os manifestantes “idiotas” e “manipulados”, sem atentar que existem diferentes opiniões sobre as prioridades, os empresários tendem a ficarem mais apreensivos, considerando que os riscos dos seus empreendimentos no país sejam elevados.
Mesmo que se considere o “estilo” já conhecido do presidente, certamente ele não contribui para inspirar maior confiança, pelo contrário, tende-se considerar que o espírito democrático não seja o seu forte, infelizmente. Mesmo num país desenvolvido como os Estados Unidos, com suas instituições consolidadas, que passa por uma conjuntura econômica favorável, observa-se a médio e longo prazo uma tendência para deterioração lenta de sua situação. No Brasil, como em muitos outros países, observa-se que a atual situação é mais difícil.
Já foram muitas as tentativas para se evitar as manifestações públicas emocionais do presidente, mas não se conseguiu montar uma equipe governamental capaz de mantê-las internamente. Todos os presidentes, por serem humanos, estão sujeitos aos problemas graves que acontecem no seu governo e que afetam o seu humor, mas necessitam considerar diplomaticamente o que é conveniente para o país. Ainda que ele se desculpe posteriormente, o mal já foi feito.
É indispensável que o presidente da República no Brasil tenha plena consciência que é o chefe do governo e do estado, cargos que precisam ser honrados, deixando ser somente Jair Bolsonaro, uma pessoa física.
Espera-se que a imprensa brasileira e mundial dê o devido desconto para estas manifestações agudas, ainda que seja natural que a oposição explore ao máximo esta situação que já não era fácil, e tende-se a tornar mais difícil.
Bem a questão é quando Paulo Guedes vai jogar o toalha quanto a reforma da previdência…sem a reforma Bolsonaro cai
A esperança da reforma é o que garante o apoio do mercado a Bolsonaro
Caro Mauricio Santos,
O que parece que está acontecendo é que o Legislativo está voltando a recuperar a sua posição, evitando os excessos do Executivo como do Judiciário, apesar de também apresentarem seus problemas.
Paulo Yokota
Sim isto também Paulo bem argumentado
Caro Mauricio Santos,
Parece que ele tem sido infeliz em muitas de suas intervenções.
Paulo Yokota