Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Einstein Cria Teste de Coronavírus

22 de maio de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: 16 vezes mais análises de amostras por vez, artigo de Fabiana Cambricole do Estadão, custo pode ser 1/5 do atual, estará disponível em junho próximo, patente mundial, usa tecnologia de sequenciamento genético de nova geração

Um artigo de Fabiana Cambricole foi publicado no Estadão informando sobre o importante desenvolvimento ocorrido no Hospital Albert Einstein de São Paulo, sobre uma nova técnica para diagnóstico de coronavirus, chamado RT-PCR, com capacidade de analisar até 16 vezes mais amostras por vez, quando comparado com o que é utilizado hoje. O presidente do Einstein, Sidney Klajner, deu uma entrevista sobre o assunto para o Globo News de 21 de maio, estimando que o preço no mercado dos testes deva ficar em cerca de 1/5 do atual.

O teste seria o primeiro no mundo que utiliza a tecnologia do sequenciamento genético de nova geração, baseado na leitura de pequenos fragmentos de DNA para a identificação de doenças ou mutações genéticas. Como o exame de biologia molecular RT-PCR, o novo teste do Einstein busca o material genético do vírus nas amostras coletadas e também é indicado para pacientes na fase aguda da doença. Por meio de técnicas de sequenciamento e da utilização de uma ferramenta de inteligência artificial, o processo de análise do material é automatizado, possibilitando o processamento de mais amostras por ciclo.

A confiabilidade dos resultados é extremamente alta, aproximando-se de 99% e, segundo Klajner, esta tecnologia pode ser aplicada com relativa facilidade por laboratórios que disponham do mínimo para estas análises, espalhados pelo Brasil, com ajustes mínimos. Os pacientes ainda assintomáticos já podem ter diagnósticos no dia seguinte a sua contaminação. Espera-se que esta tecnologia esteja disponível já no próximo mês. O que pode ser questionado é como serão atendidos os diagnosticados, com as atuais limitações da rede hospitalar no país, a não ser que possam ser isolados em suas residências, com um mínimo de cuidado. Esta tecnologia poderá ser aplicada também no exterior.

O Einstein obteve esta tecnologia de forma bastante rápida, pois já vinha trabalhando com estas tecnologias para o câncer e doenças genéticas e conseguiu transferir seus conhecimentos para doenças virais, como o coronavírus. Os sequenciamentos genéticos de nova geração, geralmente utilizado para análise do DNA humano, foram adaptados para detectar o material genético de vírus, o RNA. O Einstein dispõe de uma subsidiária, a Varstation, que utiliza a inteligência artificial para análise destes tipos de dados. As sondas que localizavam pedaços do DNA foram utilizadas para selecionar as partes do material genético do vírus, que interessam no processo de diagnóstico, em termos compreensíveis para os leigos.

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Técnica desenvolvida pelo Einstein utiliza ferramenta de inteligência artificial para automatizar o processo de análise das amostras Foto Divulgação/Hospital Albert Einstein, constante do artigo no site do Estadão, que vale a pena ser lido na integra

O desenvolvimento da técnica levou dois meses e estará disponível para os pacientes do hospital em três semanas. O Einstein diz que não descarta a realização de parcerias com o SUS para que o exame seja disponibilizado também para os laboratórios da rede pública. O processo de coleta é o mesmo realizado para o RT-PCR – coleta de secreção e saliva por meio de uma haste flexível (swab), e o resultado final sai em até 72 horas.

Segundo Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e professora da Universidade de São Paulo (USP), a tecnologia de sequenciamento genético de nova geração já é usada em outras situações para análise de RNA e sua grande vantagem é que, quando associada a alguns equipamentos, aumenta de maneira significativa o volume de amostras processadas.

"Se esse novo teste puder aumentar a capacidade diagnóstica a um custo menor, será extremamente importante para termos uma opção a mais de exame para os pacientes no início da infecção, quando ainda é possível isolar a pessoa e impedir que ela transmita o vírus para mais gente", afirma Mayana Zatz. Se isto não resolve o problema do paciente diagnosticado, no mínimo reduz fortemente a propagação da atual pandemia.

Não há dúvidas que esta é uma das inovações mais significativas para evitar a propagação do coronavirus no Brasil e no mundo.